Lula diz não ver problema em ligar para Trump para discutir tarifas

Publicado 29.03.2025, 09:36
Atualizado 29.03.2025, 09:40
© Reuters. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalton18/03/2025 REUTERS/Adriano Machado/Arquivo

Por Patricia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado que não vê problemas em conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para alcançar um acordo e evitar tarifas entre os países, às vesperas da entrada em vigor de taxas norte-americanas, no próximo dia 2.

"Na hora que eu sentir necessidade de conversar com o presidente Trump, eu não terei nenhum problema de ligar para ele", afirmou Lula a jornalistas em Hanói, durante viagem oficial ao Vietnã. "Na hora que ele achar que tem interesse em conversar comigo, eu espero que ele não tenha problema de ligar para mim. Não é porque nós temos divergências ideológicas que dois presidentes não podem conversar."

Lula, que tem dito que o Brasil vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pelos EUA aos produtores brasileiros, ou mesmo impor tarifas recíprocas, afirmou que o país está negociando com os norte-americanos.

"Antes de fazer a briga da reciprocidade ou a briga da OMC, a gente quer gastar todas as palavras que está no nosso dicionário para fazer um livre comércio com os EUA", disse Lula, que lembrou reuniões anteriores do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, com representantes do comércio dos EUA.

Trump já anunciou a imposição de uma taxa de 25% para todos os automóveis fabricados fora dos Estados Unidos, prevista para entrar em vigor em 2 de abril, e o Brasil teve as exportações de aço e alumínio taxadas também em 25% desde o dia 12 de março. A expectativa é de que novas medidas possam vir.

"Os EUA só têm que saber que eles não estão sozinhos no planeta Terra. É só olhar o mapa do mundo que a gente vai perceber que os EUA estão ligados a muitos outros países e se ele (país) toma uma atitude unilateral, eu acho que isso pode não ser tão bom para os EUA."

O presidente retorna no domingo ao Brasil, após viagem oficial ao Vietnã, que resultou na abertura do mercado vietnamita para a carne brasileira, um convite pelo Brasil para o Vietnã participar da cúpula dos Brics este ano, e menções a um acordo de aviação entre os países.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também reforçou neste sábado a meta de alcançar um comércio bilateral entre os países de US$15 bilhões até 2030, após fluxo de mais de US$7 bilhões em 2024.

EMBRAER & JBS (BVMF:JBSS3)

Lula voltou a comentar sobre as conversas que tem feito para tentar emplacar aeronaves da Embraer (BVMF:EMBR3) no mercado asiático, após dizer na sexta-feira que o Vietnã poderia comprar aviões da fabricante brasileira.

"Nós estamos discutindo com eles a necessidade de fazer com que a Embraer possa vender alguns aviões aqui... alguns não, uma perspectiva de 50 aviões", disse Lula neste sábado.

Uma autoridade brasileira disse à Reuters na semana passada que a Embraer está em negociações para uma possível venda de dez jatos E190 de fuselagem estreita para a Vietnam Airlines. As duas empresas não comentaram.

Lula também confirmou acordo da processadora de alimentos JBS envolvendo operações no país vietnamita.

Na semana passada, a Reuters noticiou, citando fontes, que a gigante de alimentos estava considerando construir uma fábrica de processamento de carne no norte do Vietnã, sua primeira na Ásia, caso houvesse uma abertura do mercado vietnamita à carne brasileira, o que foi anunciado por Lula na véspera.

Mais cedo neste sábado, durante encontro com empresários em Hanói, Lula afirmou que uma empresa brasileira investiria US$100 milhões para o processamento de carne no Vietnã.

A Embraer e a JBS fizeram parte da delegação empresarial que acompanhou Lula em sua viagem ao Vietnã.

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