Por Noor Zainab Hussain
(Reuters) - O conglomerado japonês SoftBank, conhecido por seus investimentos em empresas de tecnologia, informou nesta sexta-feira que seu diretor de operações, Marcelo Claure, está deixando a companhia.
A saída ocorre após uma discussão com o fundador e presidente-executivo Masayoshi Son sobre o pagamento a Claure, disse uma pessoa familiarizada com o assunto, pedindo anonimato, pois o assunto é confidencial.
O vice de Claure, Michel Combes, foi nomeado presidente-executivo do SoftBank Group International, disse o SoftBank.
Claure, que já era um dos executivos mais bem pagos da companhia após ganhar 17 milhões de dólares em 2020, estava em negociações para deixar o SoftBank há vários meses e pode lançar em breve sua própria empresa de investimentos, indicaram reportagens anteriores na mídia.
Embora Son não se envergonhe de sua disposição de pagar para atrair talentos estrangeiros, ele dirige uma empresa japonesa de capital aberto em um país em que grandes remunerações à alta administração são desaprovadas pelos investidores.
Claure, que passou vários anos no SoftBank trabalhando para recuperar investimentos controversos, como na empresa de telecomunicações Sprint e na WeWork, esperava receber bilhões de dólares em compensação ao longo dos anos, enquanto Son queria pagar a ele uma quantia muito menor, segundo a fonte.
Son havia discutido uma potencial estrutura que permitiria a Claure receber muito mais do que sua remuneração atual, mas ele nunca se comprometeu com isso por escrito, resultando em um confronto com Claure que levou à sua decisão de renunciar, disse a pessoa.
O SoftBank e Claure não responderam aos pedidos de comentários sobre o assunto.
A saída de Claure, um dos principais tomadores de decisão do SoftBank juntamente com o chefe do Vision Fund, Rajeev Misra, ressalta a incerteza sobre quem pode suceder Son, de 64 anos.
Com escritórios em Londres e no Estado norte-americano da Califórnia, o SoftBank gira em torno da personalidade de Son.
Nikesh Arora, ex-executivo do Google (NASDAQ:GOOGL), ingressou no SoftBank em 2014 para eventualmente suceder Son, mas saiu em 2016 depois que o fundador decidiu continuar à frente do conglomerado.
"O impacto nas perspectivas gerais do SoftBank é limitado, considerando que Claure trabalha em grande parte fora do Vision Fund", disse o analista Kirk Boodry da Redex Holdings.
"Eles sentirão falta de sua experiência em investimentos na América Latina e como corretor nos Estados Unidos, mas o último é difícil de quantificar", disse Boodry.
SAÍDAS
O movimento de Claure se soma a uma série de saídas de alto escalão no SoftBank nos últimos anos, incluindo Deep Nishar e Jeff Housenbold do Vision Fund, este último por motivos de remuneração.
O diretor de estratégia do grupo, Katsunori Sago, que também era visto como um possível sucessor, deixou a empresa no ano passado.
Claure, um bilionário boliviano que subiu na hierarquia do SoftBank após a compra de sua empresa Brightstar, tornou-se o principal chefe da Sprint, que acabou se fundindo com a T-Mobile US.
Claure também lançou o primeiro fundo latino-americano do SoftBank em 2019, de 5 bilhões de dólares, em um momento em que nenhum investidor abastado havia assinado grandes cheques para startups na região.
Ele dirige o time de futebol boliviano Club Bolivar e atua como presidente do conselho da WeWork.