Por Juliana Schincariol
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A região metropolitana de São Paulo tem se mostrado atrativa para lançamentos de construtoras e incorporadoras diante de custos menores em relação à capital, onde o recuo nas vendas é mais acentuado do que nas cidades ao redor.
"O mercado nestas regiões ainda permite um preço mais acessível do que o da capital, o que deixa as opções ainda mais atrativas", afirmou o diretor de incorporação da Living SP, unidade da Cyrela (SA:CCPR3) para o segmento econômico, Eduardo Leite.
Desde o início de 2014 até o final do primeiro semestre, a Living lançou nove empreendimentos na região metropolitana de São Paulo, em cidades como Osasco, Barueri, São Bernardo do Campo e Diadema. Os edifícios, com apartamentos entre 60 e 90 metros quadrados, são voltados para famílias e também investidores. Já os lançamentos na capital paulista somaram quatro empreendimentos.
Segundo o executivo, esta tem sido a opção de muitas pessoas que moram na capital mas buscam adquirir seu primeiro imóvel ou imóveis maiores.
Este é o caso do farmacêutico Marcelo Magalhães, que escolheu comprar um apartamento em Barueri, permitindo um trajeto de 15 minutos de casa até a indústria onde trabalha. Atualmente, ele mora no bairro Cerqueira César, em São Paulo, e leva 50 minutos para chegar ao trabalho.
"O valor do metro quadrado em Barueri foi a metade do preço da região onde moro em São Paulo. Paguei 4.500 reais o metro quadrado", disse Magalhães. Assim, ele vai trocar o aluguel em um apartamento de 30 metros quadrados para um imóvel próprio de 70 metros quadrados.
Se os terrenos já eram tradicionalmente mais caros na capital, o novo plano diretor aprovado no final do ano passado restringiu as condições de novos empreendimentos, encareceu a outorga em vários bairros, e limitou o perfil de imóveis em várias regiões, disse o vice-presidente-executivo do portal imobiliário VivaReal, Lucas Vargas.
Considerando o valor médio do metro quadrado e comparando regiões similares, os preços na capital são de 20 a 30 por cento mais caros do que nas outras cidades da região metropolitana, tanto para imóveis novos quanto para usados, disse o executivo.
"Está havendo uma migração para outros lugares (fora da capital), mas vai continuar assim até que a gente tenha condições de produzir em São Paulo a preços mais atrativos ou a economia melhorar", disse o presidente do Secovi-SP, sindicato da habitação, Claudio Bernardes.
Excluindo a capital, os 38 municípios da região metropolitana viram os lançamentos subirem quase 25 por cento no acumulado de janeiro a maio, na comparação anual, de acordo com os dados mais recentes do Secovi-SP. Considerando apenas a cidade de São Paulo, os lançamentos caíram 18 por cento no mesmo período.
Ao mesmo tempo, as vendas caíram 11 por cento em São Paulo e 6 por cento nas outras cidades da região.
Segundo Bernardes, do Secovi, o estoque de imóveis na capital é de cerca de 28 mil unidades, enquanto nas outras cidades da região é de 17 mil, também considerado elevado.
Por outro lado, a situação individual de cada cidade pode trazer impactos também para o mercado imobiliário, lembrou Vargas. No caso do Grande ABC, por exemplo, em que a economia é muito dependente da indústria automotiva, uma queda mais acentuada no nível de emprego pode causar um aumento da oferta de imóveis ou colocar mais pressão sobre os preços.
"A cidade de São Paulo, se por um lado está cara, é uma economia muito mais diversificada, então é menos volátil. Não cresce tanto, mas é mais estável", ponderou o executivo do VivaReal.