Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O mercado brasileiro de cartões de benefícios deve triplicar nos próximos cinco anos, apoiado em parte por oportunidades criadas com a reforma trabalhista, disse Raul Moreira, presidente da Alelo, maior empresa da área no país, com cerca de um terço do setor.
Hoje bastante concentrado nos vales refeição e alimentação, que respondem por cerca de 90 por cento de um mercado estimado em 130 bilhões de reais, o setor tende a ter uma fatia maior de produtos como vales para saúde, cultura e pedágio.
"A reforma trabalhista clarificou algumas questões sobre benefícios que deixam o empregador mais protegido nas políticas de benefícios a empregados", disse Moreira à Reuters.
Diferente do vale refeição, que tem previsão legal, outros benefícios como os concedidos para compra de remédios, premiação e reembolso para despesas frequentemente eram alvos de processos trabalhistas, com empregados argumentando que essas concessões faziam parte do salário. A reforma trabalhista aprovada há duas semanas pelo Senado vetou essa interpretação.
Segundo o executivo, essa mudança abre espaço para maior diversificação da oferta de benefícios a empregados, realidade hoje bastante restrita ao Sul-Sudeste do país e nas empresas de grande porte.
A meta da Alelo, controlada pelo Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Bradesco (SA:BBDC4), é dobrar a participação de empresas médias e pequenas no faturamento, para 40 por cento, até 2020. Ao mesmo tempo, pretende triplicar a fatia de produtos não ligados a alimentação na receita para 30 por cento, aproveitando o que afirma ser a maior rede de aceitação. Moreira afirmou que os cartões de refeição e de alimentação da bandeira já são aceitos em 470 mil estabelecimentos de 100 por cento dos municípios do país.
Como parte do esforço para atingir as metas de diversificação de receitas, a Alelo criou recentemente uma área de gestão de despesas corporativas, por meio do qual vende instrumentos como cartões para gastos com viagens, estacionamento e outras despesas reembolsáveis.
"Temos visto que essas ferramentas permitem um corte de gastos de até 30 por cento pelas empresas", disse Moreira.
PEDÁGIOS
Em paralelo, a companhia passará a atuar em breve nos segmentos de pedágio eletrônico, postos de combustíveis e cancelas de estacionamentos de shopping centers, hoje dominados pela Sem Parar e pela ConectCar.
Após obter licenças para operar em estradas estaduais de São Paulo e federais, a Alelo deve iniciar um piloto na virada do ano, que gradualmente pode se estender para 64 rodovias pelo país, disse Moreira.
Além disso, a Alelo já estuda operar alguns serviços ligados à mobilidade urbana. A companhia avalia participar de uma licitação prevista pela prefeitura de São Paulo para concessão do Bilhete Único, de transporte em ônibus e metrô, ainda neste ano.
"Mobilidade urbana faz todo o sentido para a Alelo", disse Moreira.