Investing.com - A derrota ontem na tentativa de aprovação da reforma trabalhista em comissão no Senado e o depoimento de Lúcio Funaro acusando Temer de ter papel central na distribuição de propina voltam a atormentar o governo nesta quarta-feira e pesar sobre o mercado.
O Ibovespa Futuro opera com instabilidade permanecendo em terreno negativo nos primeiros momentos do pregão. Ontem, o Ibovespa registrou forte recuo de 2% e foi aos 60.766 pontos.
Com a traição na base aliada, a Comissão de Assuntos Econômicos rejeitou o texto do senador Ricardo Ferraço favorável à reforma trabalhista e aprovou voto contrário do senador petista Paulo Paim, com trabalhos conduzidos por Marta Suplicy, do PMDB.
A derrota foi lida pelo mercado como um sinal claro para a dificuldade do governo de aprovar novas reformas, especialmente a da Previdência, o que derrubou o Ibovespa ontem e fez o dólar avançar acima dos R$ 3,30. O texto será lido hoje na Comissão de Constituição e Justiça e deverá ser levado a voto na próxima semana.
Além da inesperada derrota no Senado, Michel Temer voltou ao centro da crise com a conclusão da investigação da Polícia Federal que viu indícios de crime de corrupção. O doleiro Lúcio Funaro, em depoimento, disse que o presidente sabia do pagamento de propina e orientou a distribuição dos recursos entre aliados, com a cessão de benefícios à Gol e a LLX de Eike, hoje Prumo (SA:PRML3).
Joesley Batista voltou a atacar Temer e disse que ele atuou diretamente junto à ex-presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos, para que ela aprovasse a reestruturação internacional da JBS (SA:JBSS3), o que acabou rejeitada pelo banco.
Esse cenário de derrota do governo e novas acusações contra Temer cria instabilidades e barreiras contra a aprovação das reformas, o que deverá pesar novamente sobre os mercados hoje.
Ainda no radar, hoje o STF deverá decidir sobre a validade dos termos do acordo de leniência da J&F e se o caso segue sob relatoria do ministro Edson Fachin.
A derrocada do petróleo pressiona as bolsas globais que atuam majoritariamente em baixa. Os futuros do S&P 500 e o Nasdaq perdem 0,1%, enquanto os do Dow opera estável. O DAX e o FTSE 100 cedem 0,5% e o CAC 40 perde 0,7%.
A China fechou na máxima de um ano e meio nesta quarta-feira, com os investidores comprando ações de consumo depois que o MSCI adicionou algumas grandes empresas chinesas a um de seus principais índices para investidores globais.
Commodities em alta
O petróleo se recupera levemente das fortes perdas de ontem e avança 0,5% nos EUA a US$ 43,70 o barril. O Brent ganha 0,3% e vai a US$ 46,20 o barril. Ontem, a commodity foi ao menor valor desde antes do acordo da Opep de novembro de 2016 para cortar a oferta global.
O minério de ferro avançou 0,5% na bolsa de futuros de Dalian, na China, e encerrou a sessão negociado a 434 iuanes a tonelada. No porto de Qingdao, a commodity ganhou 0,7% para US$ 56,82 a tonelada.
Mundo corporativo
A Petrobras (SA:PETR4) não consegue acordo sobre ação coletiva na corte de Nova York, que poderá envolver ressarcimento de US$ 10 bilhões, segundo o Globo. A companhia tem atuado e feito acordo em 20 ações individuais, mas não vê negociação com o escritório que toca o principal processo contra a empresa nos EUA.
A Embraer (SA:EMBR3) foi rebaixada para market perform de outperform pela Cowen, segundo a Bloomberg.
A JBS sofreu nova baixa com o pedido de demissão de seu diretor de Relações Institucionais em meio a processo de desinvestimento da ordem de R$ 6 bilhões. O Valor traz que grupo chinês estaria interessado na aquisição da Moy Park.
Cinco frigoríficos foram suspensos de exportar para os EUA, segundo o Estadão. A medida afeta unidades da Marfrig (SA:MRFG3), Minerva (SA:BEEF3) e da JBS.
A Hypermarcas (SA:HYPE3) reduz capital e prevê a restituição de R$ 1,30 por ação no dia 3 de julho para os detentores de papéis da empresa ao final do pregão de sexta-feira (23/6).