Investing.com – Os mercados acionários têm vivido um clima de otimismo nos últimos tempos, embalados pela esperança de um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano), que poderia gerar um rali de Natal. No entanto, alguns analistas têm uma visão contrária e preveem uma correção para as últimas semanas do ano.
É o caso de Chris Harvey, estrategista de investimentos do Wells Fargo (NYSE:WFC), que manifestou sua opinião na última quinta-feira em um programa da CNBC.
Ele avaliou que os consumidores estão “cansados” e que as expectativas de um corte nas taxas de juros do Fed são exageradas, em um contexto em que o S&P 500 saltou 8,9% em novembro, seu 18º maior ganho mensal desde 1950.
Harvey observou que o índice de volatilidade do mercado, que se mantém em um nível historicamente baixo de 13, pode ser um sinal de que os investidores estão muito confiantes em um momento em que deveriam se preocupar com uma desaceleração econômica.
Ele também ressaltou que o VIX, apelidado de “índice do medo” e que mede a volatilidade, está anormalmente baixo.
“O VIX está em 13, todo mundo está muito feliz, e é hora de uma correção ou um recuo no início do novo ano”, continuou. “Estamos muito comprados. O VIX a 13 lhe diz: você sabe exatamente o caminho que vai seguir, nada vai te surpreender, e esse mercado tem uma maneira engraçada de fazer isso”.
Ele também questionou como um mercado em alta poderia se sustentar daqui para frente, considerando que os consumidores mostram sinais de fraqueza, as avaliações das ações estão elevadas e o Fed poderia manter as taxas de juros mais altas por um período prolongado até 2024.
“Os consumidores estão perto de se esgotar, os múltiplos [de valuation] são 20 vezes mais altos, as pessoas pensam que o Fed vai cortar os juros, mas eu não acho que fará isso antes do segundo semestre do ano”, complementou.
Ele destacou que as projeções dos investidores de um corte nas taxas do Fed se baseiam na expectativa de uma queda na inflação, e não na necessidade de estimular a economia, o que não faz sentido para Harvey.
“Nunca vi isso. Eles sempre cortam as taxas porque precisam fazê-lo”, disse Harvey, acrescentando que os ganhos dos mercados acionários se resumirão a “muito barulho por nada” no próximo ano.