Depois da jornada “selvagem” na sexta-feira, com as bolsas mundiais derretendo em virtude da Ômicron, os mercados iniciam a semana no positivo. A expectativa de que as atuais vacinas podem ser adaptadas à nova variante do coronavírus, aliada aos relatos de que seus sintomas são mais suaves do que os de cepas anteriores, ajuda o mercado a recuperar a razão.
Nesta manhã, tanto as bolsas europeias como os contratos futuros de índices em Wall Street trabalham em alta. A Ásia terminou no vermelho, ecoando o fechamento da semana nos demais mercados. As ações da Moderna (NASDAQ:MRNA) (SA:M1RN34) saltaram 11% nas negociações de pré-mercado dos EUA depois que a empresa disse que uma nova vacina para combater a cepa Ômicron poderia estar pronta no início de 2022, se necessário.
Na sexta-feira, o mercado viveu momentos de pânico e fechou com forte queda: em Nova York, o S&P 500 caiu 2,27%, na maior desvalorização desde outubro de 2020. Já o europeu Stoxx 600 despencou nada menos que 3,67%, a pior queda diária desde a aparição da Covid-19 “original”, em março de 2020.
Novas peças no quebra-cabeças
Da noite para o dia, o mercado foi obrigado a repensar sua estratégia e a mudar suas apostas. De um lado, confia que as nações e os laboratórios darão respostas mais rápidas para frear o avanço desta nova variante, embora a Organização Mundial de Saúde tenha dito que levará algumas semanas para avaliar a gravidade da nova cepa. Por outro, repensa suas projeções sobre um aperto monetário.
“Só sei que nada sei”️
A frase atribuída ao filósofo Sócrates cai como uma luva na situação em que se encontram os investidores. A única certeza é a de que a variante Ômicron ainda é uma incógnita e entender o impacto desta nova cepa na economia será crucial para interpretar a reação do banco central norte-americano – e das demais autoridades monetárias, já que a escalada inflacionária se tornou um problema mundial.
Toda a expectativa em torno de um aumento mais precipitado dos juros – e, inclusive, de uma retirada mais veloz dos programas de recompra de títulos por parte dos bancos centrais -, pode cair por terra se as restrições de voos e de atividades afetarem as economias.
Predominava entre os operadores o sentimento de que o Federal Reserve (Fed) deixaria de irrigar o mercado já em dezembro, abrindo caminho para subir os juros e, assim, controlar a inflação no alvorecer de 2022.
Agora os traders já não estão certos das apostas de um primeiro aumento de 25 pontos base nos juros americanos até julho de 2022. No entanto, o presidente do Fed Bank of Atlanta, Raphael Bostic minimizou o risco da nova variante da Covid-19 para a economia dos EUA e disse que estava aberto a reduzir as compras de ativos em um ritmo mais rápido para manter a inflação sob controle.
O petróleo subia com força, apesar dos esforços de Estados Unidos, China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido de liberar barris de suas reservas estratégicas para tentar contornar a escassez e ajudar a baixar a inflação. Parte desse movimento se deve à frustração das expectativas dos analistas, que esperavam uma liberação maior da commodity. Por outro lado, na sexta os preços haviam caído diante dos temores de que a nova variante da Covid traga impactos daninhos à demanda mundial.
No radar
No Brasil:
- PNAD Contínua do IBGE na terça (30)
- PEC dos Precatórios prevista para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na quarta (1º de dezembro). Se isso ocorrer, pode ir ao plenário no mesmo dia. Em Brasília, as apostas são de alterações significativas no texto-base, o que deve fazer a PEC voltar à Câmara.
- PIB do 3º trimestre e Caged na quinta (2)
- Dados da produção industrial na sexta (3)
No exterior:
- Presidente Jerome Powell fala três vezes: nesta segunda, na terça (30) e na quarta (1º de dezembro), nas duas últimas junto com secretária Janet Yellen.
- Confiança do consumidor na zona do euro (novembro), hoje
- Índice de preços ao consumidor (CPI) da Alemanha e da Espanha, hoje
- Taxa de desemprego do Japão em outubro
- Sexta-feira (3) tem payroll nos EUA