Por Bernard Orr
PEQUIM (Reuters) - Milhões de trabalhadores urbanos estavam se deslocando pela China nesta quarta-feira, antes do esperado pico de sexta-feira de viagens em massa para o Ano Novo Lunar, enquanto os líderes do país buscam movimentar sua economia abalada pela Covid.
Depois que as autoridades encerraram, no mês passado, três anos de algumas das restrições mais rígidas do mundo contra a Covid-19, trabalhadores se dirigiram às estações ferroviárias e aos aeroportos rumo a cidades menores e residências rurais, provocando temores de um surto do vírus em expansão.
Economistas e analistas estão examinando a temporada de festas, conhecida como Festival da Primavera, em busca de vislumbres de recuperação do consumo na segunda maior economia do mundo, depois que novos dados do PIB na terça-feira confirmaram uma forte desaceleração econômica na China.
Qualquer desaceleração prolongada pode piorar os desafios políticos enfrentados pelo presidente chinês, Xi Jinping, que precisa pacificar uma geração mais jovem pessimista que saiu às ruas em novembro em protestos históricos contra a política de "Covid zero" que ele então defendia.
Enquanto alguns analistas preveem que a recuperação seja lenta, o vice-primeiro-ministro da China, Liu He, declarou ao Fórum Econômico Mundial na Suíça na terça-feira que a China estava aberta ao mundo após três anos de isolamento pandêmico.
Autoridades da Administração Nacional de Imigração disseram que, em média, meio milhão de pessoas entraram ou saíram da China por dia desde que suas fronteiras foram abertas em 8 de janeiro, informou a mídia estatal. Espera-se que esse número suba para 600.000 por dia assim que o feriado começar formalmente no sábado.
Mas, à medida que os trabalhadores saem das megacidades, como Xangai, onde as autoridades dizem que o vírus atingiu o pico, muitos estão indo para cidades e vilarejos onde idosos não vacinados ainda não foram expostos à Covid e os sistemas de saúde estão menos equipados.
Embora as autoridades tenham confirmado no sábado um grande aumento nas mortes --anunciando que quase 60.000 pessoas com Covid morreram em hospitais entre 8 de dezembro e 12 de janeiro-- a mídia estatal informou que as autoridades de saúde ainda não estavam prontas para dar à Organização Mundial da Saúde (OMS) os dados extras que agora está buscando.
Especificamente, a agência da ONU quer informações sobre o chamado excesso de mortalidade --número de todas as mortes além do normal durante uma crise, disse a OMS em comunicado à Reuters na terça-feira.