Por Gabriel Codas
Investing.com - As ações da Minerva (SA:BEEF3) Foods são negociadas com perdas na sessão desta quarta-feira, indo na contramão dos ganhos do Ibovespa hoje. A companhia reportou ontem, após fechamento do mercado, lucro líquido de R$ 253,4 milhões no segundo trimestre, ante prejuízo de R$ 113,3 milhões um ano antes, com desempenho operacional recorde, refletindo a política de hedge. No entanto, ficou abaixo da mediana do consenso de mercado, que previa lucro líquido de R$ 380, 43 milhões, de acordo com dados da Refinitiv.
“A estratégia de hedge evitou um efeito negativo de 437 milhões de reais sobre a dívida líquida do trimestre”, disse a jornalistas o diretor financeiro e de relações com investidores da Minerva, Edison Ticle, em videoconferência nesta quarta-feira. No trimestre, a moeda norte-americana atingiu um pico, perto de 6 reais, e chegou a acumular valorização superior a 30% no ano, diante da turbulência na esteira da pandemia da Covid-19.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiu 590,2 milhões de reais, recorde para um segundo trimestre, alta de 62% no comparativo anual e margem Ebitda recorde de 13,4%, alta de 4,4 pontos percentuais ano a ano.
Por volta das 10h56, as ações da Minerva operavam com queda de 1,90% a R$ 14,46. O Ibovespa avançava 0,94% a 105.082 pontos.
Visão dos analistas
O BTG Pactual (SA:BPAC11) aponta que a dinâmica do lucro deve permanecer forte no segundo semestre. A demanda chinesa está alta (40% das exportações da Minerva), já que o rebanho suíno ainda deve levar algum tempo para reconstruir e a carne bovina claramente abriu seu caminho como um substituto adequado.
A carne bovina da América do Sul continua vendo um crescente mercado de exportação endereçável. E um dólar ainda forte deve garantir que os custos do gado no Brasil permaneçam competitivos, apesar do ciclo de transformação.
Para os analisitas, a Minerva continua sendo uma sólida história de transição, sustentada pelo rendimento de dois dígitos do FCF, enquanto menor alavancagem, execução consistente, um ativo mais diversificado e expectativas de um dividendo mais forte devem sustentar acima dos múltiplos históricos a frente. A recomendação segue de compra.
A Mirae Asset avalia que resultado operacional e o lucro ficaram acima da expectativa, decorrente do aumento de preços e do hedge cambial. Para os próximos trimestres espera continuidade no aumento das exportações, preços elevados e melhora de margens para a empresa nos mercados interno e externo.
Balanço
A alavancagem líquida do trimestre, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda dos últimos 12 meses foi de 2,6 vezes, menor patamar dos últimos 12 anos. Em dólar, a alavancagem líquida encerrou o trimestre em 2,2 vezes.
“(Com o hedge) a dívida da companhia ficou praticamente estável na passagem de trimestre e a alavancagem caiu porque o Ebitda subiu mais de 60%”, afirmou Ticle. “O grande brilho do trimestre é sem dúvida nenhuma o resultado operacional”.
EFEITO COVID
Também na videoconferência, o presidente da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, destacou que a pandemia veio em “ondas” entre países fornecedores e consumidores de proteína animal, com mercados muito mais voláteis, o que exigiu que a companhia se adequasse de forma mais rápida.
No trimestre, a Divisão Brasil da Minerva abateu cerca de 344,1 mil cabeças de gado, queda de 16,2% no comparativo anual, com uso da capacidade de 63,2%, ante 76,7% um ano antes.
(Com contribuição de Reuters)