Por Davide Barbuscia e Andrea Shalal
NOVA YORK/WASHINGTON (Reuters) - A agência de classificação de risco Moody's revisou a perspectiva para a nota de crédito dos Estados Unidos de "estável" para "negativa", citando grandes déficits fiscais e um declínio na capacidade de pagamento da dívida, atraindo críticas imediatas do governo Biden.
A medida vem após a Fitch, outra agência de classificação de risco, rebaixar o rating soberano dos EUA neste ano, na esteira de meses de embate político em torno do teto da dívida dos EUA.
"A contínua polarização política no Congresso dos EUA aumenta o risco de que sucessivos governos não consigam chegar a um consenso sobre um plano fiscal para desacelerar o declínio da capacidade de pagamento da dívida", disse a Moody's, em comunicado.
Os republicanos que controlam a Câmara dos Deputados dos EUA esperam anunciar uma medida provisória de gastos no sábado, com o objetivo de evitar uma paralisação parcial do governo, mantendo agências federais abertas mesmo quando o financiamento atual expirar na próxima sexta-feira.
A Fitch rebaixou o rating dos EUA de AAA para AA+ em agosto, enquanto a S&P mantém uma nota AA+ desde 2011.
Embora tenha mudado a perspectiva, indicando que um corte no rating é possível no médio prazo, a Moody's confirmou os ratings de emissor de longo prazo e sênior sem garantia em 'Aaa', citando a força econômica e de crédito dos EUA.
"A robustez institucional e de governança dos EUA também é muito alta, apoiada em particular pela eficácia da política monetária e macroeconômica", disse a agência.
Autoridades do governo do presidente dos EUA, Joe Biden, criticaram o corte na perspectiva.
A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que a medida foi "outra consequência do extremismo e da disfunção dos republicanos no Congresso".
O subsecretário do Tesouro, Wally Adeyemo, disse, em nota, que "embora o comunicado da Moody's mantenha a recomendação AAA dos Estados Unidos, discordamos da mudança para uma perspectiva negativa. A economia norte-americana continua forte, e os títulos do Tesouro são o principal ativo seguro e líquido do mundo".
(Reportagem de Richard Rohan Francis, Davide Barbuscia, Andrea Shalal)