Negociação para venda de carne bovina ao Japão foca Estados do Sul, incomodando o setor

Publicado 05.08.2025, 19:03
Atualizado 05.08.2025, 19:05
© Reuters. Gado em instalação nos arredores de Ciudad Juarez, no Méxicon10/2/2025 REUTERS/Jose Luis Gonzalez/Arquivo

Por Ana Mano e Marcela Ayres

SÃO PAULO (Reuters) - As negociações para abrir o mercado japonês à carne bovina brasileira se concentram no momento em habilitar fornecedores do Sul do Brasil, incomodando empresas em outras regiões do país, também interessadas em alcançar consumidores num mercado altamente rentável, de acordo com várias fontes.

O Brasil, o maior exportador de carne bovina do mundo, tenta por duas décadas entrar no mercado japonês, sem sucesso. Um acordo daria ao Japão uma alternativa aos seus principais vendedores, os Estados Unidos e a Austrália, em um momento em que as tarifas dos EUA estão remodelando o comércio global de alimentos.

As negociações ganharam impulso após uma visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março ao Japão, um dos maiores importadores de carne bovina do mundo.

Mas o status atual das negociações, que se concentram em Estados que representam menos de 4% do volume de exportações do Brasil, preocupa os frigoríficos de grandes Estados produtores de carne bovina, como São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará.

Juntos, eles responderam por quase 60% do total de exportações de carne bovina do Brasil, ou 1,72 milhão de toneladas no ano passado.

Um memorando do governo brasileiro, emitido após uma visita técnica de autoridades japonesas em junho, mostrou que Brasília respondeu "a um questionário para a importação de carne bovina da região sul da República Federativa do Brasil", nomeando Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

Esses três exportadores foram declarados livres da febre aftosa, uma doença viral contagiosa em bovinos, mais cedo do que alguns outros Estados, embora o Brasil tenha adquirido em maio o status nacional de livre da doença sem vacinação da Organização Mundial de Saúde Animal. O último surto da doença no Brasil foi em 2006, de acordo com o governo.

O Ministério da Agricultura não fez comentários imediatos sobre as negociações com o Japão.

Uma fonte do governo brasileiro, que pediu para não ser identificada, confirmou que as negociações estavam ocorrendo por região. A pessoa disse que o Brasil inicialmente não tem planos de negociar permissões além dos três Estados.

Representantes do setor de carne bovina, incluindo exportadores, disseram à Reuters que esperam que mais Estados sejam incluídos.

"Sabemos que as negociações são difíceis", disse Paulo Mustefaga, presidente da Abrafrigo, que representa a Marfrig (BVMF:MRFG3) e pequenos exportadores de carne bovina. "Agora, a surpresa para nós é que isso agora caminhe para aprovar somente três Estados."

O Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão disse estar ciente do status do Brasil como livre da febre aftosa. O órgão acrescentou que o Japão está "conduzindo uma avaliação de risco de acordo com os procedimentos japoneses" antes de emitir qualquer permissão de exportação para os frigoríficos brasileiros, sem entrar em detalhes.

(Reportagem de Ana Mano em São Paulo e Marcela Ayres em Brasília; reportagem adicional de Kaori Kaneko em Tóquio)

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