Por John Revill
ZURIQUE (Reuters) - A Nestlé confirmou nesta quinta-feira que está comprando uma participação majoritária na empresa brasileira Grupo CRM, em uma aquisição voltada a expandir sua atuação no setor de chocolates premium.
O Grupo CRM opera mais de 1.000 butiques de chocolate no Brasil sob as marcas Kopenhagen e Brasil Cacau, e tem uma crescente presença online, disse a Nestlé. O negócio está sujeito à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e será submetido ao órgão regulador nas próximas semanas, acrescentou.
A Nestlé, que está comprando a participação da empresa de private equity Advent International, não quis dar detalhes financeiros para o negócio, que deve ser fechado em 2024.
O site Brazil Journal havia informado na quarta-feira que a Nestlé pagaria cerca de 3 bilhões de reais pela empresa, enquanto o jornal local Valor Econômico informou que o valor seria de 4,5 bilhões de reais.
A Nestlé disse que Renata Moraes Vichi continuará a liderar as operações do Grupo CRM como presidente-executiva e permanecerá como acionista minoritária.
A aquisição faz parte de uma estratégia da Nestlé para expandir sua presença no segmento de chocolates super premium, onde tem uma oferta limitada atualmente que inclui a marca italiana Baci.
Durante os primeiros seis meses de 2023, as vendas de produtos de confeitaria da Nestlé aumentaram 10,8% em uma base orgânica, excluindo aquisições e movimentos cambiais.
A fabricante suíça de chocolates de luxo Lindt & Spruengli também tem se saído bem recentemente, aumentando suas vendas em 10,1% no primeiro semestre de 2023, enquanto o lucro operacional saltou 38%.
"Essa aquisição amplia e fortalece ainda mais nossa presença em confeitaria no Brasil, permitindo-nos entrar no segmento de alta qualidade", disse Laurent Freixe, presidente-executivo da Nestlé para a América Latina.
As barras de chocolate da marca Kopenhagen são vendidas por 29,90 reais, enquanto uma caixa de chocolates é vendida por cerca de 130 reais.
Jon Cox, analista da Kepler Cheuvreux, disse que o acordo parecia incomum à primeira vista, dado o foco da Nestlé em seus negócios de café, cuidados com animais de estimação e nutrição, mas fazia sentido.
"A Nestlé tem um negócio de chocolate no Brasil, de modo que pode integrar a produção, gerando sinergias, ao passo que a categoria de chocolate premium, como a Lindt demonstrou, é um negócio muito, muito, decente, se você acertar", disse.