OSLO (Reuters) - Cerca de 40 mil brasileiros entraram com uma ação coletiva contra a produtora norueguesa de alumínio Norsk Hydro (OL:NHY) em meio a acusações de que a companhia teria causado poluição com rejeitos tóxicos na região Norte do país.
A ação foi impetrada por um grupo de comunidades que vivem na região amazônica, no Pará, principalmente membros da chamada Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), que representa cerca de 11 mil famílias.
Eles buscam compensação pelo que chamam de "disposição incorreta de rejeitos tóxicos no rio Murucupi, bem como por outros efeitos da presença das instalações da Norsk Hydro na região", disse em comunicado a firma de advocacia PGMBM, que representa o grupo.
A Hydro disse nesta terça-feira que responderá às acusações diante da Justiça holandesa, onde a ação foi registrada.
"Os assuntos trazidos à luz pela Cainquiama já estão sendo discutidos junto à Justiça brasileira e autoridades do Brasil", disse a Hydro em comunicado enviado à Reuters.
"A associação Cainquiama entrou desde 2017 com cinco ações no Brasil contra diferentes empresas da Hydro no país", acrescentou.
ALUNORTE
A Hydro possui três instalações no Pará, incluindo a mina de bauxita de Paragominas, sua refinaria Alunorte, onde a bauxita é transformada em alumina, e a Albras, onde as fundições transformam alumina em alumínio.
"As vítimas foram expostas a resíduos tóxicos do processamento de alumínio, que podem causar problemas de saúde, como aumento da incidência de câncer, Alzheimer, doenças de pele, problemas de estômago e diarreia", disseram os advogados representando a Cainquiama.
A ação também se refere a acusações sobre emissões de rejeitos registradas em 2018 na Alunorte.
No início de 2018, a Hydro se desculpou pelo que classificou como liberação "completamente inaceitável" de água não tratada durante fortes chuvas na região da Alunorte, mas negou que isso tenha resultado na contaminação do meio ambiente local.
Nesta terça-feira, a Hydro reiterou que "em relação ao evento relacionado às chuvas de 2018, não houve vazamento e nenhuma evidência de contaminação".
A liberação não autorizada de água levou autoridades e a Justiça a exigir que a Hydro cortasse a produção de alumina da Alunorte, provocando o desligamento parcial da Albras e resultando em interrupções que duraram mais de 15 meses.
Os advogados que ajuizaram a ação contra a Hydro disseram que seus clientes não entraram com o processo no Brasil porque estavam "frustrados com a falta de progresso no sistema jurídico brasileiro".
(Por Gwladys Fouche)