Por Ernest Scheyder
HOUSTON, Estados Unidos (Reuters) - Rio Tinto (LON:RIO) (SA:RIOT34), General Motors (NYSE:GM) (SA:GMCO34) e o Departamento de Energia dos Estados Unidos estão investindo em novas tecnologias que podem revolucionar a forma como o lítio é produzido para baterias de veículos elétricos.
Estas tecnologias agora precisam provar que podem funcionar em escala comercial.
Se funcionarem, as mineradoras poderão ampliar a oferta de lítio, com uma pegada ecológica diferente das presentes em minas a céu aberto e lagos de evaporação, em geral do tamanho de vários campos de futebol e alvos de críticas de ambientalistas.
Estas chamadas tecnologias de extração direta de lítio (DLE, na sigla em inglês) retiram o metal a partir dos lagos por meio de filtros, dispositivos cerâmicos ou outros equipamentos que normalmente podem ser armazenados em pequenos galpões. Mas elas normalmente usam muita água potável e eletricidade e nenhuma funcionou em escala comercial.
Montadoras globais, mineradoras e investidores estão despejando milhões de dólares em companhias DLE, apostando que poderão fornecer grande parte do lítio para os milhões de veículos elétricos planejados pelo setor automotivo.
"É uma virada no jogo. Há enormes oportunidades", disse a secretária de Energia dos Estados Unidos, Jennifer Granholm, durante uma conferência sobre a tecnologia no mês passado.
O departamento de Granholm concedeu à Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa), de Warren Buffett, financiamento de 15 milhões de dólares para testar DLE no Lago Salton, na Califórnia, sob o qual estão grandes depósitos geotermais de lítio. O órgão também está considerando financiamento de outros projetos DLE.
A tecnologia desafia mineradoras como a Albemarle, maior produtora de lítio do mundo, e outras como Lithium Americas, ioneer e Piedmont Lithium.
A Albemarle está estudando várias tecnologias DLE, mas seus executivos afirmam que elas devem funcionar melhor quando planejadas para um depósito específico de lítio, o que reduz o entusiasmo de investidores.
Além disso, o uso de grandes volumes de água potável por vários tipos de tecnologias DLE tem causado preocupação. A tecnologia que a General Motors está confiando ser capaz de fornecer um "montante considerável" de suas necessidades de lítio na região do Lago Salton usa 10 toneladas de água para cada tonelada de lítio produzida.
Porém, a Lilac Solutions, apoiada pela BMW e pela Breakthrough Energy, de Bill Gates; desenvolveu um método que usa uma usina de dessalinização para filtrar água salobra, evitando o uso de água potável.
"Novas tecnologias são essenciais para a sociedade obter o volume de lítio necessário para os veículos elétricos", disse o presidente-executivo da Lilac, Dave Snydacker.
CETICISMO
Há dezenas de empresas focadas em DLE, com tecnologia própria, com áreas ricas em salmoura com metal ou com ambas.
"A extração direta de lítio se tornou um tema quente", disse Olivier Le Peuch, presidente-executivo da Schlumberger, que desenvolve DLE com a Panasonic. A companhia espera fornecer para a fábrica da Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) em Nevada, mas reconhece que precisa encontrar uma forma de obter o metal sem água potável.
Ao menos 70% dos depósitos de lítio dos EUA são em reservas de salmouras, segundo o departamento de Energia do país. Em outras áreas, a tecnologia DLE oferece uma chance de produzir lítio em áreas onde minas a céu aberto enfrentam forte oposição.
Na Alemanha, a Vulcan Energy pretende usar DLE para produzir lítio para a Renault (PA:RENA) e outras montadoras.
De volta aos EUA, a Galvanic Energy pretende vender uma área de cerca de 40.500 hectares de salmoura que controla no Arkansas se encontrar uma tecnologia DLE que funcione.
"Estas companhias promovem estas tecnologias, mas eu sou cético até que provem o contrário", disse Brent Wilson, um ex-geólogo da Chesapeake que criou a Galvanic em 2018.
A Rio Tinto pagou 825 milhões de dólares em dezembro por um projeto DLE na Argentina, que afirma ter "potencial significativo de aumentar a produção de lítio em relação a lagos de evaporação solar".
A Energy Exploration, conhecida como EnergyX, desenvolveu uma tecnologia DLE que usa membranas para filtragem do lítio, mas em alguns casos, a tecnologia precisa ser combinada com outra, disse o presidente-executivo, Teague Egan.
"Nossa tecnologia é muito boa, mas DLE não significa uma tecnologia ou outra. Eu acho que é isso que as pessoas não estão conseguindo enxergar", disse Egan.
A EnergyX enviou uma versão de teste da tecnologia para a Bolívia, esperando de convencer o governo local a desenvolver o salar de Uyuni, uma das maiores reservas de lítio do mundo.
A Lilac e várias empresas chinesas e russas estão competindo também pelo projeto boliviano.
"DLE não é uma varinha mágica, mas é uma ferramenta muito útil para se ter", disse a presidente Luna Lithium, Emily Hersh, que tem planos de usar DLE no Lago Salgado de Utah, nos EUA.