por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - Apesar dos sinais de queda da inflação, a XP (BVMF:XPBR31) acredita que não há muito espaço para os juros caírem, principalmente diante dos riscos fiscais e políticos que estão no radar com a proximidade das eleições. Ainda assim, a corretora enxerga algumas oportunidades que possam ser adotadas pelo investidor.
A XP aponta que, no cenário atual, o interessante é optar por empresas de qualidade, risco baixo e valor, sendo que a corretora prefere ações relacionadas às commodities, que tenham históricos seculares de crescimento ou qualidade a preços razoáveis.
O setor de energia, por exemplo, é visto de forma otimista pela XP, principalmente o segmento de petróleo e gás, que tem como top picks as ações da Petrobras (BVMF:PETR4) e da 3R Petroleum (BVMF:RRRP3).
Por causa da incerteza macroeconômica, a XP também opta por companhias mais resilientes, que tenham suas dinâmicas de crescimento menos correlacionadas com o ambiente macro. As indicações da XP nesse sentido seriam o Assaí (BVMF:ASAI3) e o Grupo Soma (BVMF:SOMA3).
Ainda assim, a XP não descarta a procura por ações com múltiplos atrativos, já que a bolsa brasileira está bastante descontada. De olho em ativos desse tipo, a corretora indica o Iguatemi (BVMF:IGTA11) e o Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), que possuem perspectivas positivas de crescimento.
Vale destacar que o BB seria uma empresa mais arriscada na visão da XP, pois uma exposição elevada a empresas estatais não é indicada diante do risco político.
Uma análise mais profunda dos setores
Alimentos
Olhando para o agronegócio, a XP está confiante com os produtores, pois apesar dos volumes menores das safras 2022/23, a maior parte foi protegida com preços interessantes e as margens devem ficar acima dos níveis históricos. No longo prazo, a XP também espera um aumento de produtividade e lucratividade. Nesse setor, as principais escolhas são Brasilagro (BVMF:AGRO3) e Jalles Machado (BVMF:JALL3).
O alívio de preço das commodities também deve favorecer o setor de alimentos, ajudando a elevar as margens das empresas do setor.
Frigoríficos
Para os frigoríficos, o principal fator no resultado será a virada do ciclo do gado nos EUA, afetando negativamente as margens do negócio de carne bovina. Para os players de aves e suínos, a XP espera que preços mais altos, aliados a custos mais baixos de ração, devem se traduzir em margens mais altas.
Para o setor de alimentos, a XP indica a JBS (BVMF:JBSS3) e a Camil (BVMF:CAML3).
Bebidas
Esse contexto de commodities, junto com a Copa do Mundo, também deve favorecer o mercado de bebidas, em especial o de cerveja. Isso deve acontecer ao mesmo tempo em que o canal on-trade e aumento de embalagens retornáveis (RGB) estão se recuperando. No setor de Bebidas, a recomendação da XP é pelas ações da Ambev (BVMF:ABEV3).
Bens de Capital
As empresas de bens de capital continuam impactadas por gargalos relacionados à cadeia de suprimentos e escassez de componentes, embora os sinais de normalização comecem a aparecer, aponta a XP, que indica a Weg (BVMF:WEGE3), Tupy (BVMF:TUPY3) e Embraer (BVMF:EMBR3).
Mineração e Siderurgia
A desorganização da cadeia mundial também afeta o mercado de Mineração e Siderurgia, o que se torna ainda mais complicado com os conflitos na Europa e a redução da demanda chinesa. Apesar disso, a XP continua apostando na Vale (BVMF:VALE3) e na Companhia Brasileira de Alumínio (BVMF:CBAV3).
Construtoras
Cury (BVMF:CURY3) e Direcional (BVMF:DIRR3) são as Construtoras recomendadas pela XP, que deve se beneficiar com uma combinação positiva das atualizações do programa Casa Verde Amarela (CVA) e a demanda ainda sólida do segmento.
Elétricas
No setor de energia elétrica, a XP opta por Omega Geração (BVMF:MEGA3), Auren Energia (BVMF:AURE3) e Equatorial (BVMF:EQTL3), que possuem histórias com baixos riscos operacionais, balanços saudáveis, perspectivas de crescimento claras e risco-retorno assimétrico.
Educação
As empresas de Educação estão passando por uma recuperação gradual desde a pandemia, com o primeiro semestre de 2022 trazendo uma melhora no número de captações. Ainda assim, a XP está cautelosa com o setor, considerando os difíceis cenários micro e macro, e por isso, indica apenas as ações da Cruzeiro do Sul (BVMF:CSED3).
Papel e Celulose
Já o setor de Papel e Celulose está surfando uma tendência mais positiva de preços de celulose nos últimos trimestres, principalmente devido às crescentes restrições de oferta e gargalos logísticos, o que proporcionou boas margens para as empresas do tipo. A indicação do setor é a Klabin (BVMF:KLBN11).
Saúde
A Blau Farmacêutica (BVMF:BLAU3) é a recomendação do setor de saúde da XP, uma vez que a indústria farmacêutica tem apresentado forte desempenho, tanto em termos de crescimento quanto em rentabilidade nos últimos trimestres.
Shoppings
O setor de shoppings deve continuar tendo uma recuperação positiva em 2022, na visão da XP, baseada na combinação entre o desempenho resiliente de vendas dos shoppings dominantes do segmento de alta renda e a progressiva redução de descontos, mantendo níveis saudáveis de inadimplência líquida e custo de ocupação, levando a um crescimento robusto das receitas de aluguéis.
A XP recomenda Multiplan (BVMF:MULT3) e Iguatemi.
Utilidade pública
Do lado das companhias de saneamento, a XP espera que o cenário eleitoral ainda seja um driver de volatilidade no curto prazo, especialmente para os players públicos. Do lado de resíduos sólidos, a expectativa é de um semestre mais forte, impactado pela venda de créditos de carbono do ano. A indicação do setor é sobre as ações da Orizon (BVMF:ORVR3).
Tecnologia
Bemobi (BVMF:BMOB3) e Totvs (BVMF:TOTS3) são as recomendações de tecnologia da XP, assim como Unifique (BVMF:FIQE3) e Tim (BVMF:TIMS3) são as de telecomunicações. Ambos os setores são vistos com bons olhos pela XP.
Logística
No setor de transportes, a XP aposta em Vamos (BVMF:VAMO3) e Rumo (BVMF:RAIL3), que possuem uma microdinâmica positiva, que deve ajudar a evitar potencial volatilidade em um cenário macro ainda desafiador.
Varejo
Por fim, para o setor de varejo, a XP também recomenda Grupo Mateus (BVMF:GMAT3) e Arezzo (BVMF:ARZZ3), pois considera os nomes mais resilientes e de alta qualidade, com consistência de execução e liquidez em bolsa.