Por Senad Karaahmetovic
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, grupo conhecido como Opep+, surpreenderam o mercado ontem, ao anunciar um corte de produção de 2 milhões de barris por dia (mbpd), promovendo a alta dos preços do petróleo.
A cotação do barril fechou com uma valorização de quase 2%, terceiro dia consecutivo de ganhos, ampliando o repique desde as mínimas de setembro para mais de 15%. Estrategistas do JPMorgan (NYSE:JPM) ressaltaram que tais cortes de produção podem fazer o barril superar o valor de US$ 100 neste trimestre.
Outros estrategistas, como a equipe do Citi, acreditam que os cortes nominais de 2 mbpd representam apenas 1 mbpd em termos reais.
"Esse corte de 2 mpbd nas metas de produção pode acabar se traduzindo em uma redução física de ~ 1,1-1,2 mbpd na oferta real da Opep+, que inclui cerca de 250 mil bpd de produtores abaixo das suas cotas; portanto, o corte efetivo pode ser um pouco menos de 1 mbpd em caso de baixa adesão", escreveram os estrategistas do Citi em uma nota aos clientes.
Apresentamos abaixo o que outros importantes estrategistas da commodity têm a dizer sobre os eventos de ontem:
Goldman Sachs: “Esse resultado é surpreendentemente altista... Se mantido até 23 de dezembro do próximo ano, os cortes representariam um potencial de alta de US$ 25/barril a partir da nossa previsão de anterior de US$ 107,5/barril para 2023 no Brent, com possibilidade de picos de preços ainda maiores, caso os estoques se esgotem totalmente, exigindo a destruição da demanda como último recurso. Trata-se de um resultado insustentável em nossa visão”.
UBS: "Continuamos com uma perspectiva positiva para os preços do petróleo. Diante de fatores como: demanda petrolífera se beneficiando da mudança do gás para o petróleo neste inverno; provável fim das liberações das reservas estratégicas da OCDE; e proibição europeia a importações marítimas de petróleo da Rússia a partir de 5 de dezembro, no contexto de uma menor produção da Opep+, nossa expectativa é que o mercado petrolífero fique ainda mais reestrito. Dessa forma, mantemos a expectativa de que o Brent ultrapasse a marca de US$ 100/barril nos próximos trimestres."
Morgan Stanley: "A redução das cotas da Opep pode acentuar ainda mais o risco à oferta petrolífera. Muito disso depende da trajetória da produção de petróleo da Rússia quando o embargo da UE entrar em vigor, mas, em nossas previsões de cenário-base, consideramos um déficit de oferta de cerca de 1 mb/d em 2023."
Às 13:05 de Brasília, os preços do petróleo Brent subiam 0,66%, a US$ 93,99.