Por Juliana Schincariol
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os cancelamentos de vendas da PDG devem se manter na segunda metade do ano em patamar igual ou inferior ao primeiro semestre, após um período de abril a junho considerado atípico, e a retomada de geração de caixa continua sendo o principal foco da construtora e incorporadora.
"Esperamos um segundo semestre melhor do que o primeiro, concentrado principalmente na execução do nosso legado (projetos anteriores a 2013), o que nos levará à geração de caixa positiva e a um processo de desalavancagem", disse o presidente-executivo da PDG, Carlos Piani, em teleconferência com analistas nesta sexta-feira.
A revenda dos imóveis que tiveram vendas canceladas segue em linha com o apresentando nos últimos trimestres, afirmou o diretor de operações da PDG, Antonio Guedes.
"Continuamos conseguindo revender a maior parte dos distratos em até 12 meses, em torno de 80 por cento do distratado, gerando um ganho nomimal de 15 por cento em relação ao Valor Geral de Vendas (VGV) inicial distratado", disse.
Os cancelamentos foram de 420 milhões de reais no primeiro semestre, uma média de 210 milhões de reais por trimestre e em linha com a expectativa inicial da PDG de 200 milhões de reais a cada três meses ao longo do ano. No primeiro semestre de 2013, os distratos somaram 542 milhões.
Na área de vendas da companhia, a redução dos estoques de imóveis continua sendo o foco principal, por gerar caixa imediatamente para a companhia. O estoque da PDG foi reduzido de 7.600 para 6.660 unidades do fim de março para o encerramento de junho.
A ação da companhia, que na quinta-feira divulgou prejuízo de 135,3 milhões de reais no segundo trimestre, recuavam 2,76 por cento às 16h34, enquanto o Ibovespa operava estável.
Para analistas do Credit Suisse, os desafios para a PDG no terceiro trimestre são grandes, assim como a chance de a empresa ter prejuízos nos próximos dois anos. "A estrutura de capital investido parece de grandes dimensões e a empresa terá de lidar com o declínio das receitas nos próximos trimestres", disseram.
Resultado da união de várias empresas do setor imobiliário listadas em bolsa, a PDG acumulou sucessivos prejuízos até iniciar, em 2012, uma série de ajustes contábeis e revisão de orçamentos de obras e empreendimentos lançados. No ano passado, a empresa apresentou um plano de reestruturação que prevê, entre outras coisas, a redução do número de regiões de atuação, de 17 para 10.
De acordo com os executivos da PDG, a reestruturação dos negócios se encontra dentro do esperado, apesar da deterioração do cenário macroeconômico brasileiro.
No segundo trimestre, excluindo itens como o investimento no shopping center em Botucatu (SP) e o pagamento de dividendos em relação a uma operação com a Agra, o consumo de caixa teria sido de 20 milhões de reais, ante os 92 milhões de reais reportados. "A redução significativa de custeio com obras, pelo encerramento de canteiros, nos dá confiança da inflexão da geração de caixa da empresa e o aumento nas unidades a serem repassadas passam a ser o alavancador dessa tendência", afirmou o diretor financeiro da PDG, Marco Kheirallah.
Na teleconferência, os executivos da empresa voltaram a comentar que os lançamentos devem ficar mais concentrados no segundo semestre e que permanecem atentos às condições da economia. Na semana passada, a PDG lançou empreendimento residencial na zona norte de São Paulo, com vendas de mais de 50 por cento no primeiro fim de semana. Nos próximos dias também serão lançados dois imóveis em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A empresa também iniciará em agosto uma campanha nacional de venda de estoques, com a oferta de 5 mil unidades. O foco, segundo o diretor de operações Guedes, é nas unidades que ficarão prontas até dezembro.
"É uma campanha maior, nacional. A gente vai vir um pouco mais agressivos com desconto, principalmente unidades que vão ficar prontas até o final do ano e nas praças em que a gente deve encerrar a atuação", afirmou Guedes.