Petrobras corta preço da gasolina pela 1ª vez em mais de 1 ano e meio

Publicado 02.06.2025, 12:08
Atualizado 02.06.2025, 15:55
© Reuters. Bomba de combustível em posto de gasolina em Brasílian07/03/2022nREUTERS/Adriano Machado

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) -A Petrobras (BVMF:PETR4) reduzirá em 5,6% o preço médio da gasolina vendida a distribuidoras a partir de terça-feira, informou a companhia em comunicado à imprensa nesta segunda-feira, no primeiro corte de valores deste combustível desde outubro de 2023.

Dessa forma, o preço médio de venda da gasolina da Petrobras nas refinarias passará a ser de R$2,85 por litro, uma redução de R$0,17 por litro.

"O reajuste veio em linha (com o esperado), convergindo para paridade de importação", disse o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo, à Reuters.

O especialista avaliou que o corte da gasolina da Petrobras ocorreu em momento em que há "certa estabilidade" dos preços do barril do petróleo no cenário internacional, na última quinzena, e também do câmbio entre R$5,65 e R$5,68.

O petróleo Brent está cotado a aproximadamente US$65 o barril, cerca de US$15 mais baixo em relação ao pico do ano, visto em janeiro.

A redução ocorre após as vendas de gasolina por distribuidoras no Brasil terem subido 4,6% em abril ante o mesmo período do ano passado, para 3,81 bilhões de litros, o melhor resultado para o mês na série histórica, segundo dados da reguladora ANP, diante de uma recuperação do nível de mobilidade e de fluxo de veículos leves.

A Petrobras, sob a gestão de Magda Chambriard, tem levado mais tempo para ajustar preços de combustíveis, em movimento que visa evitar repassar volatilidades internacionais ao mercado interno.

Em julho de 2024, havia sido a última vez que a petroleira ajustou a gasolina, quando a elevou em 7%.

O gerente de Desenvolvimento de Negócios da agência de preços e análises Argus, Amance Boutin, considera que a redução da Petrobras deixa o preço em linha com as cotações internacionais, e não chega a inviabilizar a importação de cargas.

Além disso, ressaltou ele, permite que a empresa lide com uma queda nos preços do etanol nas usinas, em momento em que a moagem de cana está começando e que a produção do biocombustível de milho tem sido crescente.

Segundo Boutin, o preço da gasolina A da Petrobras hoje é o mais elevado no Nordeste. Em São Luís (MA), ele supera o valor do produto vendido pela Acelen (R$2,78/l) e do produto importado (R$2,64/l).

"Com o reajuste, o preço se reaproxima dos seus concorrentes, já que o preço da Petrobras para gasolina A deve chegar a R$2,73/l no terminal de São Luís a partir de amanhã", afirmou.

Boutin disse também que a redução de preços permite que a Petrobras defenda a participação de mercado com seus concorrentes diretos, "mas também com o etanol hidratado, em um momento de ampla oferta na região do centro-sul, onde a safra de cana-de-açúcar está em curso".

Em maio, o etanol hidratado teve média de R$2,6882/litro nas usinas do Estado de São Paulo, queda de 1,18% ante o mês anterior, segundo o Indicador Cepea/Esalq.

"A pressão (sobre o preço do etanol) veio do crescimento da oferta de etanol, diante do avanço da safra de cana-de-açúcar no centro-sul", afirmou o Cepea, em análise nesta segunda-feira.

DIESEL

Quanto ao diesel, a Petrobras não anunciou ajustes nesta segunda-feira.

A Petrobras realizou, desde de 1º abril, três reduções no preço médio do diesel vendido em suas refinarias a distribuidoras, na esteira de um mergulho dos preços do petróleo Brent, somando um corte total de 45 centavos por litro.

Melo, da Raion Consultoria, ressaltou que existe a possibilidade de um corte para o diesel "menor do que foram os outros", caso o cenário dos preços do petróleo e do câmbio permaneça.

As vendas de diesel por distribuidoras no Brasil caíram 2,8% em abril ante o mesmo mês do ano passado, para 5,47 bilhões de litros, segundo dados publicados pela agência reguladora ANP, após um primeiro trimestre aquecido na comercialização com a colheita de uma safra recorde de soja.

O repasse do corte do preço da gasolina da Petrobras aos consumidores finais nos postos, porém, não é imediato e depende de uma série de fatores, incluindo cobrança de impostos, mistura de etanol anidro e margens de lucro da distribuição e da revenda.

Além disso, o mercado brasileiro também é suprido por algumas poucas refinarias privadas e por importações.

Chambriard tem feito declarações públicas afirmando que as reduções de preços do diesel feitas pela Petrobras em suas refinarias não estavam chegando aos consumidores finais, nos postos. Para ela, distribuidoras e revendedoras estão aproveitando para elevar suas margens.

(Por Marta Nogueira, com reportagem adicional de Roberto Samora)

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