Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Após o fechamento do mercado da última quarta-feira (25), a Petrobras divulgou seu plano estratégico para 2021-2025, que teve como destaque um crescimento abaixo do esperado na produção de petróleo, novos alvos de dívida bruta e uma nova projeção para o Capex, que deve ser focado em pré-sal.
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Um dia após a divulgação, a ação PN (SA:PETR4) fechou o pregão desta quinta-feira (26) 1,64%, a R$ 25,82; enquanto o papel ON (SA:PETR3) terminou as negociações na mesma direção, com queda de 1,54%, a R$ 26,25. Do lado contrário, o Ibovespa fechou em alta de 0,09%, aos 110.227 pontos.
Para Ilan Arbertman, analista da Ativa Investimentos, não houve grandes mudanças frente ao cenário passado. “Existe uma manutenção quanto à última atualização da companhia, que é a de investir em projetos que se mostrem sustentáveis com um Brent em no máximo US$ 35. Não tem milagre. A empresa reconhece que a cena segue errática. Isso está no próprio preço e na inclinação mais baixa da curva de produção. Mas foi algo bem em linha com o que o mercado esperava”.
Para o BTG Pactual, o plano, mais conservador do que o esperado, indica que “a Petrobras está adotando uma abordagem mais prudente para o crescimento e a criação de valor, ao mesmo tempo em que reconhece que a desalavancagem e a discplina de alocação de capital permanecem os principais fundamentos da trajetória da ação”, diz relatório distribuído nesta quinta-feira (26).
A XP tem a mesma visão, afirmando que “o novo plano estratégico da Petrobras reitera seu compromisso de se tornar uma companhia mais financeiramente robusta, com menor endividamento, focada em ativos de E&P mais rentáveis no pré-sal”, diz relatório. A Mirae Asset também acredita que a notícia é positiva para a Petrobras, “que deverá continuar focando em ativos estratégicos, retorno e desalavancagem”.
Produção
A produção de petróleo prevista pela Petrobras é de 2,23 milhões de barris por dia (mmbpd) em 2021, abaixo da projeção de 2,4 mmbpd do Goldman Sachs e 5,6% abaixo da estimativa do BTG. O número representaria uma queda de 2% na produção em relação a 2020. Na análise do Goldman, isso se deve aos impactos da Covid-19 e dos desinvestimentos que ocorreram em 2020.
Vale ressaltar que os novos desinvestimentos, que não estão consideradas na nova curva, podem representar 0,6 milhões de barris de equivalentes de petróleo (mmboed) no período, ou 18% da produção total de petróleo e gás, segundo o Goldman Sachs. A empresa não divulgou um guidance sobre o retorno dos de investimentos. No ano passado, segundo Arbertman, a companhia esperava de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões até 2024.
No entanto, aponta o BTG (SA:BPAC11), “o crescimento menor na produção pode ter impacto limitado no fluxo de caixa visto que o pré-sal leva a um mix melhor.”
No longo prazo, a previsão de produção permanece forte, na visão do Goldman Sachs. Isso, segundo o banco, reflete o foco da empresa em projetos lucrativos, com breakeven abaixo de US$ 35 por barril de Brent. O objetivo de produção para 2025 está em linha com as estimativas do BTG.
Deslavancagem e Capex
Em relação à dívida bruta, a Petrobras divulgou metas de US$ 67 bilhões ao fim de 2021 e US$ 60 bilhões ao fim de 2022. O objetivo para 2021 está abaixo da projeção de US$ 72 bilhões do BTG e, na visão do banco, depende do ritmo de venda de ativos e da redução da posição de caixa. Assim, o BTG acredita que, com a venda de ativos a todo vapor, a companhia poderia alcançar os US$ 60 bilhões de dívida ainda em 2021.
A projeção de Capex até 2025 divulgada pela companhia é de US$ 55 bilhões, sobretudo no segmento upstream e em projetos com que se mostrem lucrativos com US$ 35 por barril de Brent.
Ilan Arbertman ressalta que, no plano de 2020, a Petrobras trabalhava com o Brent em US$ 45 no curto prazo e US$ 50 no longo. “Quando fazemos essa comparação year on year, vemos que eles estão cientes de que a dinâmica do mercado petrolífero segue errática e reafirmam que esperam que tais condições se manifestem ao longo do próximo quinquênio”, diz o analista.
ESG
Finalmente, em relação à sustentabilidade, a Petrobras reiterou seu compromisso com a descarbonização de seus produtos e processos, e incluiu metas de redução do total absoluto de emissões das operações em 25% até 2030 e da intensidade de carbono em exploração e produção em 32% até 2025. Para a XP, a divulgação de metas para indicadores ESG é positiva.
“A companhia está se mostrando aberta a dialogar em prol de avanços na pauta verde. Sabemos que tem muita coisa a ser feita. Um dos setores mais problemáticos para falar dessa pauta é o de óleo e gás, então esse movimento é positivo”, diz Arbertman.
Avaliações
Como principais riscos para a performance da companhia, o Goldman Sachs lista preços do Brent menores do que o esperado, variações de câmbio, produção menor que a esperada e intervenção do governo nos preços.
O Goldman Sachs recomenda Compra para as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$ 40,50 para PETR3, R$ 36,80 para PETR4, US$ 14,20 para PBR (NYSE:PBR) e US$ 12,90 para PBR_A (NYSE:PBRa).
O BTG também tem recomendação de Compra, com preço-alvo de US$ 12 para a PBR.
A XP recomenda Compra, com preços-alvo de R$ 30 e R$ 23 para PETR4 e PETR3, respectivamente.
Finalmente, a Mirae Asset recomenda Compra, com preço-alvo de R$ 33,26 para PETR4.