A Petrobras (BVMF:PETR4) teve o pior resultado líquido no 2º trimestre de 2025 entre as 10 maiores companhias abertas do setor de petróleo e gás do mundo. De abril a junho, a estatal brasileira registrou prejuízo de R$ 2,6 bilhões, o equivalente a US$ 344 milhões, de acordo com o fechamento do câmbio no trimestre encerrado.
No grupo das maiores petroleiras do mundo –com exceção das chinesas, que não são abertas–, a Petrobras e a BP (British Petroleum) foram as únicas que não tiveram lucro e sim prejuízo. A britânica, porém, teve resultado negativo menor que a brasileira, de US$ 129 milhões.
Na outra ponta, o melhor resultado foi o da Saudi Aramco (TADAWUL:2222), maior companhia global do setor. A estatal de petróleo saudita teve receita de US$ 116 bilhões e US$ 29 bilhões de lucro líquido. Em 2º aparece a americana ExxonMobil (NYSE:XOM), com resultado líquido positivo de US$ 9,2 bilhões, em 3º a britânica Shell (NYSE:SHEL), com lucro de US$ 6,3 bilhões.
Com exceção da Aramco e da ExxonMobil, todas as demais companhias tiveram redução nos lucros no trimestre na comparação com o 1º trimestre de 2024. Nos balanços, uma justificativa comum foi a desvalorização do petróleo ante ao período anterior e queda nas vendas de derivados.
A francesa TotalEnergies, por exemplo, viu seu lucro cair de US$ 5,4 bilhões para US$ 3,8 bilhões. Já o resultado da norueguesa Equinor reduziu de US$ 2,7 bilhões para US$ 1,9 bilhão no 2º trimestre.
O DESEMPENHO DA PETROBRAS
Além dos fatores globais, o resultado da Petrobras tem componentes internos. O prejuízo de US$ 344 milhões foi o seu pior desempenho trimestral em quase 4 anos. A última vez que a estatal tinha fechado no vermelho havia sido no 3º trimestre de 2020.
A receita da companhia, por outro lado, avançou 7,4% em relação ao mesmo período de 2023, atingindo R$ 122 bilhões (US$ 23,4 bilhões). Isso mesmo com a queda na venda dos combustíveis no período, como mostrou o Poder360.
Mais gastos
A petroleira gastou mais. As despesas operacionais cresceram 69,9% em 1 ano e encerraram o último ciclo em R$ 26,5 bilhões.
Outra despesa que pesou sobre o caixa da Petrobras foi o acordo feito em junho para encerrar processos administrativos e judiciais no Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais) que inclui o pagamento de R$ 19,8 bilhões.
Para cumprir o acordo, Petrobras desembolsou uma entrada de R$ 3,57 bilhões ainda em junho. E ainda repassará à União mais 6 parcelas mensais e sucessivas de R$ 1,38 bilhão de julho a dezembro.
Os outros R$ 6,65 bilhões foram pagos por meio de depósitos judiciais já realizados nos processos e R$ 1,29 bilhão veio de créditos com o Fisco referentes aos prejuízos fiscais de subsidiárias da companhia.
Fatores que impactaram o resultado
No balanço da companhia, o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da Petrobras, Fernando Melgarejo, citou 2 eventos que impactaram o resultado contábil, mas “sem impacto relevante no caixa da empresa”. São eles:
- a variação cambial do período;
- os impactos da adesão à transação tributária.
O dólar avançou de R$ 5,00 para R$ 5,56 ao longo do trimestre, segundo o balanço da Petrobras. Sem estes eventos, Melgarejo afirma que a companhia teria fechado o trimestre com lucro líquido de US$ 5,4 bilhões, ou seja, R$ 30 bilhões.
A presidente da companhia, Magda Chambriard, afirmou que a empresa teve aumento na geração de caixa e manteve o nível de endividamento controlado. Justificou que os episódios que provocaram o resultado negativo não afetaram o caixa ou o patrimônio da estatal.
“Eventos não recorrentes, como o acordo tributário com o Ministério da Fazenda, que trouxe vantagens expressivas para a empresa e para a União, e a marcante volatilidade cambial no período, sem efeito no caixa nem no patrimônio da companhia, impactaram a contabilidade interna da empresa, afetando também o resultado do trimestre”, disse.