NVDA disparou 197% desde a entrada na estratégia de IA em Novembro - é hora de vender? 🤔Saiba mais

PIB surpreende para cima mas arrecadação cai, turvando horizonte para ajuste fiscal

Publicado 06.09.2023, 13:09
Atualizado 06.09.2023, 13:10
© Reuters. Fábrica de veículos em Iracemápolis, SP
27/04/2023
REUTERS/Carla Carniel
USD/BRL
-
CL
-
ELET3
-
PETR4
-

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - A economia brasileira fechou o primeiro semestre do ano com um desempenho consideravelmente mais forte do que o inicialmente previsto, mas as receitas públicas caíram no período, destacando as incertezas em torno dos esforços para reequilibrar as contas públicas e manter novas regras fiscais de pé.

Na visão de economistas e integrantes do governo ouvidos pela Reuters, esse descasamento destaca o caráter desigual da tributação sobre os setores, turvando o cenário prospectivo para a arrecadação, cujo planejado aumento é um elemento crucial do plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de zerar o déficit primário no ano que vem.

Após a indústria extrativa ter ajudado o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre a surpreender positivamente, na sequência de um robusto primeiro trimestre alavancado pela agricultura, a economista-chefe do Banco Inter (BVMF:BIDI4), Rafaela Vitória, observou que esses setores são exportadores e estão sujeitos a impostos mais baixos.

O Brasil também está assistindo a uma diminuição substancial das importações, principal fator por trás de um superávit recorde para a balança comercial no acumulado do ano, o que tem afetado a arrecadação, já que no país a carga tributária sobre os produtos adquiridos de fora, de maneira geral, é alta.

"A gente não espera uma mudança nessa dinâmica, a arrecadação no segundo semestre vai continuar mais estagnada: o PIB que paga imposto não deve reagir, principalmente a indústria da transformação e o comércio," afirmou Vitória, que apesar de ter melhorado a perspectiva para o crescimento da economia este ano a 2,8%, de 2,2% antes, vê um déficit primário maior ao fim do ano, de 1,1% do PIB, de 0,9% previsto anteriormente.

Em condição de anonimato, um integrante do Ministério da Fazenda reconheceu que grande parte do PIB mais forte neste ano será devido à agricultura, "que não paga impostos". Ao mesmo tempo, a forte base de comparação com o ano passado cria ruídos que dificultam a análise interna do governo sobre o desempenho estrutural das receitas, acrescentou.

Uma segunda fonte da pasta lembrou que a arrecadação no Brasil é estruturalmente maior sobre o consumo, o que faz com que também reaja rapidamente à inflação, que no primeiro semestre desacelerou a 2,87%, quase metade dos 5,49% registrados nos primeiros seis meses de 2022.

A receita líquida do governo central sofreu uma queda de 5,3% de janeiro a junho, afetada pelo tombo expressivo na receita com concessões, que foi impulsionada no ano passado pela desestatização da Eletrobras (BVMF:ELET3) e pela segunda rodada dos leilões de reservas de petróleo da cessão onerosa.

O governo também recolheu muito menos dividendos de empresas estatais, notadamente dos bancos públicos BNDES e Caixa Econômica Federal e da Petrobras (BVMF:PETR4), que teve resultados expressivos em 2022 em meio à escalada dos preços do petróleo.

De lá para cá, o preço da commodity também arrefeceu, ajudando a explicar as menores receitas com royalties de petróleo.

"A arrecadação de 2022 foi muito influenciada pelo preço do petróleo e pela inflação," afirmou o economista-chefe da Warren, Felipe Salto. "A indústria, sim, será mais beneficiada à medida que avance o processo de redução dos juros, mas é preciso ter claro que a base de comparação do ano passado é muito alta."

Após reconhecer que as receitas caíram drasticamente em julho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o país estaria com "problema grave na economia" se o banco central não tivesse iniciado seu ciclo de flexibilização monetária em agosto.

O BC reduziu a taxa de juros em 0,5 ponto percentual para 13,25% e sinalizou mais cortes da mesma magnitude em suas próximas reuniões.

© Reuters. Fábrica de veículos em Iracemápolis, SP
27/04/2023
REUTERS/Carla Carniel

Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro e sócio fundador da gestora Oriz, afirmou que custos mais baixos de empréstimos podem ajudar notavelmente o futuro da indústria, mas ponderou que medidas de aumento de receita pelo governo podem acabar sendo contraproducentes.

"O problema não é que não estamos arrecadando muito," afirmou ele, avaliando que a receita não está crescendo mais do que o PIB porque parece não estar contando mais com fatores que a impulsionaram nos últimos anos, incluindo preços mais altos de commodities e, na pandemia, um maior consumo de bens, que são mais tributados do que os serviços.

"O problema é que estamos gastando muito. E se, para sustentar esse gasto maior, quisermos cada vez arrecadar mais, a gente mata a galinha dos ovos de ouro, porque a nossa carga tributária já é altíssima."

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.