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Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - A companhia de ferro ligas da Bahia, ou Companhia de Ferbasa (SA:FESA4), é uma empresa que atua na mineração, na metalurgia e em recursos florestais, com grande foco na produção de aço.
A ação está em um segmento com grande peso na bolsa de valores brasileira, mas parece estar fora do radar de muitos investidores. Considerando apenas a sua performance neste ano, pode ser difícil entender o porquê.
O papel subiu quase 150% desde janeiro, enquanto o Índice Small Caps, em que ela está inserida, caiu 15%. A queda do Ibovespa no período, por sua vez, foi de 14%.
Então, o que explica essa subida meteórica da Ferbasa?
Bull case: a tese de alta
Em primeiro lugar, a Ferbasa é lider nacional na produção de ferro ligas, que são materiais utilizados por diversos setores.
Gianlucca Montuori, assessor de renda variável da Acqua-Vero, aponta essa pulverização como um dos pontos fortes da empresa: “Ela é bem pulverizada nos setores, o que é bom para a empresa, que não fica tão dependente apenas de um setor específico para dar escoamento à sua produção.”
O analista menciona ainda a posição de liderança na produção de ferro cromo nas Américas como outra forte vantagem competitiva.
Ainda, o forte investimento da empresa para se tornar uma companhia verticalizada parece estar trazendo resultados. Isso porque, além de reduzir os custos, a verticalização possibilita ainda uma outra fonte de receitas, como explica Montuori: “Ela consegue diminuir um pouco os seus custos, por ser a detentora das matérias primas usadas na produção. Além disso, o que eu gosto bastante da Ferbasa é que tudo o que excede nesse meio do caminho da sua verticalização é vendido no mercado."
Outro ponto positivo é que a Ferbasa, por ser exportadora, tem grande parte da sua receita em dólares. Esse ponto também faz com que ela seja uma ação interessante para o investidor. “No ano que vem temos eleição, o que traz estresse para o mercado, então é sempre bom ter na carteira ativos dolarizados, que servem como hedge”, aponta Montuori.
Como não poderia de ser, a pandemia de coronavírus, que paralisou atividades de diferentes indústrias, também impactou a Ferbasa, mas de forma positiva, pois fez com que a demanda por seus produtos superasse a oferta.
João Daronco, analista da Suno Research, explica: “Em 2020 aconteceu com o mercado da Ferbasa o que aconteceu com grande parte dos mercados de commodities, que foi um desajuste entre oferta e demanda. A oferta diminuiu, as atividades foram encerradas em muitos fornos por algum tempo, e a demanda continuou.”
Os planos da China de ser carbono neutra até 2050 também têm ajudado a Ferbasa, pois o país tem fechado uma série de fornos para conter a emissão de gases, abrindo espaço para a empresa brasileira, que usa fontes de energia mais limpas, ganhar mercado.
“A China está com um plano de ser carbono neutra até 2050. A matriz energética da China polui muito, pois é baseada no carvão. Nos últimos tempos a China fechou muitos fornos, o que impacta positivamente a Ferbasa com aumento de preços, porque há uma redução na oferta. Mais recentemente vimos uma crise energética da China e o preço futuro do carvão explodir”, pontua Daronco.
Bear case: a tese de baixa
O fato de a Ferbasa ser uma exportadora, apesar de trazer benefícios, também coloca um risco, na visão de Montuori: “Vemos uma perspectiva boa para o ativo, mas temos que ficar muito espertos pela questão da China; A escassez de energia e o racionamento que ocorrem lá afetam a empresa.”
Outro risco está relacionado ao preço das commodities, que vêm caindo após um crescimento explosivo.
E aí, será que as mudanças nas políticas climáticas, a dependência da China e a dinâmica dos preços das commodities são oportunidades ou riscos para a Ferbasa? Siga o Investing.com Brasil nas plataformas de streaming para acompanhar a nossa cobertura completa das empresas listadas nos nossos podcasts.