RIO DE JANEIRO (Reuters) - A polícia do Rio de Janeiro prendeu nesta quinta-feira 43 pessoas suspeitas de envolvimento com uma milícia acusada de cometer crimes como assassinatos de rivais e a extorsão de prestadores de serviço do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras, informaram a polícia e o Ministério Público.
“Há informações de que exploram empresas que faziam seleção de emprego para o Comperj e transporte para o Comperj", disse a jornalistas o promotor Romulo Santos, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), acrescentando que o grupo vislumbrava obter mais ganhos com a retomada das obras do Comperj.
No total mais de 70 pessoas são investigadas por suspeitas de crimes, sendo que alguns integrantes do bando já estavam detidos.
Segundo as autoridades, o grupo paramilitar teria ligação com o miliciano conhecido como Orlando de Curicica, um ex-policial militar que está preso e é acusado de ligação com o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL).
“A organização criminosa atua em Itaboraí, voltada para a prática de crimes de homicídios em atividade típica de extermínio, roubos, extorsões, estelionatos, receptações e crimes da lei de armas e da lei de tortura”, disse o MPRJ em comunicado.
Segundo as investigações, o grupo paramilitar se estabeleceu na região de Itaboraí no fim de 2017 e começou a praticar uma série de crimes, incluindo a extorsão a empresas e a prestadores de serviços que trabalham para o Comperj, que fica em Itaboraí.
As obras do complexo, que inclui uma refinaria cuja construção está parada, foram interrompidas em meio às revelações do esquema de corrupção da operação Lava Jato. Atualmente, a Petrobras negocia com a China National Petroleum Corp para tentar concluir a refinaria.
Nem a Petrobras nem a CNPC responderam de imediato a um pedido por comentário sobre a operação policial.
Além da extorsão, os integrantes da organização são apontados como autores, em parceria com policiais militares, da maior chacina já ocorrida em Itaboraí, em janeiro deste ano, quando 10 pessoas foram "brutalmente assassinadas”, disse o MPRJ no comunicado.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier; Reportagem adicional de Gram Slaterry)