SÃO PAULO (Reuters) - O Banco do Brasil (SA:BBAS3) teve forte queda do lucro no quarto trimestre, pressionado por um pico nas provisões para perdas com calotes ao mesmo tempo em que os empréstimos tiveram nova retração.
O banco estatal anunciou mais cedo nesta quinta-feira que seu lucro líquido de outubro a dezembro somou 963 milhões de reais, desabando 61,6 por cento ante mesma etapa de 2015. Em termos ajustados, o lucro caiu 34 por cento ano a ano, para 1,75 bilhão de reais.
A chamada provisão para créditos de liquidação duvidosa do BB no período atingiu 7,49 bilhões de reais, volume 7,1 por cento maior sobre um ano antes e 12,7 por cento acima do trimestre imediatamente anterior.
Embora o BB tenha conseguido elevar o spread – diferença entre o preço que o banco paga para tomar recursos e o que cobra para emprestar a clientes -, isso se deu sobre uma base menor, dado que a carteira de crédito encolheu.
No fim de 2016, a carteira de crédito ampliada do banco era de 708,1 bilhões de reais, queda de 11,3 por cento em um ano. Considerando apenas os empréstimos no país, o montante caiu 8,4 por cento, para 679 bilhões de reais.
Esse declínio foi puxado sobretudo pelo setor corporativo, para o qual o estoque de financiamentos do BB teve uma queda de 18,9 por cento no ano.
Como proporção da carteira, o índice de inadimplência do banco acima de 90 dias foi de 3,29 por cento no fim do ano, ante 3,5 por cento no final do trimestre anterior e 2,23 por cento um ano antes.
O banco conseguiu um aumento de 6,3 por cento das receitas com tarifas no comparativo com o quarto trimestre de 2015, para 6,36 bilhões de reais. Na outra ponta, as despesas administrativas subiram apenas 1,6 por cento na mesma comparação, para 8,62 bilhões de reais.
A queda no lucro fez a rentabilidade sobre o patrimônio líquido – que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas - cair quase 5 pontos percentuais sobre o último trimestre de 2015, para 7,2 por cento, em bases ajustadas.
Por fim, o BB perdeu para o Itaú Unibanco o posto de maior banco do país por ativos. Do terceiro para o quarto trimestre, os ativos totais do banco estatal caíram de 1,45 trilhão para 1,4 trilhão de reais, enquanto os do rival privado evoluíram de 1,399 trilhão para 1,426 trilhão de reais.
PREVISÕES
O BB, que em novembro anunciou um pacote de medidas para cortar custos, incluindo um programa de aposentadoria incentivada e fechamento ou redução de cerca de 800 agências, previu melhora de diversos indicadores para 2017.
O banco previu, por exemplo lucro ajustado na faixa de 9,5 bilhões a 12,5 bilhões de reais neste ano, após 7,2 bilhões de reais no ano passado.
O BB também previu alta de 1 a 4 por cento da carteira de crédito no Brasil, que caiu 8,4 por cento em 2016. A instituição também previu despesas com provisões para calotes de 20,5 bilhões a 23,5 bilhões de reais neste ano, após 27 bilhões de reais em 2016.
(Por Aluísio Alves)