Por Laurence Frost e Gilles Guillaume
PARIS (Reuters) - A Renault estabeleceu uma meta de lucro mais baixa para o ano, citando desafios cambiais e incertezas de mercado, já que a montadora francesa apresentou resultados anuais sem o seu ex-CEO Carlos Ghosn pela primeira vez em 13 anos.
Sob nova liderança desde a demissão forçada de Ghosn no mês passado, por causa de alegações de má conduta financeira, a Renault atingiu uma lucratividade de "cerca de 6 por cento" em 2019, em comparação com uma margem operacional de 6,3 por cento registrada no ano passado.
Tanto a receita quanto o lucro caíram conforme esperado sob efeito combinado dos reveses das moedas, de uma retirada do Irã e de um colapso nas vendas do diesel que atingiu a produção de motores para a parceira da Renault, a Nissan e afiliada Daimler.
Os resultados, no entanto, alcançaram as metas da própria Renault, incluindo o crescimento da receita antes os efeitos cambiais e uma margem operacional acima de 6 por cento, a caminho de seu objetivo de médio prazo de ultrapassar 7 por cento em 2022.
A receita total caiu 2,3 por cento, para 57,42 bilhões de euros, enquanto o lucro operacional recorrente recuou 6,3, para 3,61 bilhões. O lucro líquido totalizou 3,3 bilhões de euros, uma queda acentuada em relação aos 5,31 bilhões registrados em 2017, refletindo em parte o excepcional ganho do ano anterior da Nissan.
Excluindo os efeitos cambiais, a receita teria aumentado 2,5 por cento, segundo a Renault. Os analistas esperavam lucro operacional recorrente de 3,52 bilhões de euros com receita de 58,1 bilhões, com base na mediana de 12 estimativas de uma pesquisa da Infront Data.
"2018 foi claramente um ano desafiador em que enfrentamos dificuldades esperadas e inesperadas", disse o novo presidente Thierry Bollore, acrescentando que os resultados "demonstram a resiliência do grupo".
Bollore, ex-vice de Ghosn, foi promovido a presidente em 24 de janeiro, com o chefe da Michelin (PA:MICP), Jean-Dominique Senard assumindo o papel de presidente do conselho de administração.
Ghosn enfrenta julgamento no Japão depois que uma investigação interna da Nissan revelou indícios de má conduta, incluindo falha em declarar mais de 80 milhões de dólares em renda diferida. Ghosn nega as irregularidades.