Investing.com – Em meio a taxas de juros elevadas, assim como a inadimplência, e concorrência com players internacionais, o balanço da Lojas Renner SA (BVMF:LREN3) parece não ter agradado o mercado, diante da queda das ações nesta sexta-feira, 15. Analistas mencionaram tendências mistas nos dados da companhia. Às 10h48 (de Brasília), as ações perdiam 4,66%, a R$15,74.
A companhia reportou um lucro de R$526,9 milhões entre outubro e dezembro, alta anual de 9,4%, enquanto a receita líquida de varejo totalizou R$3,8 bilhões, ganho de 7,1% na mesma análise. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) total ajustado foi de R$1 bilhão de reais, expansão de 9,7%, com margem de 26,5%, ante 25,8% em igual período de 2022.
A Renner ainda anunciou que José Galló deixa a companhia após 32 anos. O atual presidente do Conselho de Administração também é ex-presidente-executivo, pois ocupou o cargo de CEO até 2019. Galló sai do cargo após assembleia de acionistas marcada para 18 de abril.
"Agora, a ação está caindo hoje, acho que é muito mais em função da sucessão do Galló que está deixando a presidência do Conselho de Administração da companhia do que em relação aos números em si", afirma Larissa Quarema, analista da Empiricus, que possui recomendação neutra para os papéis.
Em fato relevante, a Renner informou ainda que atingiu projeções de abertura de lojas em 2023, custo de aquisição do cliente, receita líquida online, compra e distribuição em SKU e, na Camicado, penetração home style e novos canais. No entanto, apontou que deve parar de apresentar guidance para uma série de outros indicadores, além de ter metas sob reavaliação.
O balanço foi considerado fraco pelo Itaú BBA, com uma série de tendências mistas, incluindo receita em linha com esperado, mas lucratividade afetada por despesas no varejo e em serviços financeiros.
“O principal destaque foi a tendência de melhoria da qualidade de crédito na operação Realize, que levanta a questão de quando a expansão da carteira de crédito private label ganhará a força necessária para impulsionar as vendas no varejo. Os resultados globais foram fracos, mas a tendência de melhoria do crédito e os melhores volumes no varejo podem sinalizar melhores perspectivas futuras”, espera o banco.
Os analistas Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi, Victor Rogatis, Clara Lustosa e Kelvin Dechen apontaram ainda fraqueza na receita do varejo, mas destaque para vestuário no Brasil, “embora parcialmente compensado por tendências de vendas mais suaves em outras regiões da América Latina”. Assim, o banco possui indicação outperform, equivalente à compra, com preço-alvo de R$20.
O BB Investimentos avaliou os dados como mistos. Do lado positivo, mencionou a melhoria do resultado decorrente da operação de produtos e serviços financeiros, incluindo “redução da linha de perdas em créditos, influência das vendas em comparação aos desempenhos dos trimestres anteriores”, o que sinalizaria a maturação das ações que miravam na receptividade dos itens.
Além disso, o BB Investimentos destaca o reconhecimento de créditos fiscais que impulsionaram o resultado líquido. No entanto, pondera sobre o aumento de despesas operacionais como percentual da receita líquida, “o que implicaria em redução de margem EBITDA caso excluídos os créditos fiscais”, lamenta a analista Georgia Jorge. O BB Investimentos possui recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 16,80.
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