Investing.com - O mundo parou na madrugada de quarta-feira para acompanhar voto a voto a inesperada, porém iminente, eleição do candidato republicano Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, derrotando a então favorita democrata Hillary Clinton. Foi o encerramento da campanha mais dura e menos propositiva vista nos últimos anos para a Casa Branca.
A vitória de Trump provocou uma desorganização imediata nos fluxos financeiros globais com as primeiras horas indicando um colapso global, enquanto os investidores reprecificavam seus portfólios desenhados para a eleição de Hillary. O Nikkei aberto durante a apuração dos votos despencou mais de 5%, enquanto o peso mexicano recuou mais de 10% para a mínima histórica e os futuros dos índices americanos apontavam para um sell-off massivo na abertura do mercado.
Ao adotar um discurso unificador, o presidente-eleito conseguiu em um primeiro momento aliviar as tensões do mercado, que passou a tentar projetar quais ativos seriam beneficiados pelo mandato do republicano a partir dos discursos genéricos da campanha. Trump prometeu reavivar a indústria nacional e defendeu mais gastos militares para fazer frente às ameaças internacionais. As ações dos setores, assim como as cotações do cobre, entre as commodities, dispararam.
A política expansionista que deverá ser adotada por Donald Trump deverá estimular a inflação dos EUA, que está próxima à meta de 2% ao ano. A alta do índice de preços deverá fazer com que o Federal Reserve tenha que elevar juros acima do patamar previsto atualmente. Essa perspectiva de alta nas taxas do país provocou um deslocamento massivo de recursos dos países emergentes, o que provocou a forte desvalorização das moedas locais.
Dólar
No Brasil, a moeda não teve comportamento diferente do visto em outras partes do globo e saltou do patamar de R$ 3,15 de antes da votação para encostar nos R$ 3,50 nesta sexta-feira. A volatilidade provocou a primeira intervenção do Banco Central sob o comando de Ilan Goldfajn para tentar amenizar a alta da moeda, que cedeu e fechou abaixo de R$ 3,40 na semana. O presidente do BC disse que o banco observa o mercado e não descartou voltar a intervir para conter os excessos.
O movimento da moeda impulsionou o desempenho das exportadoras na bolsa de São Paulo. Fibria (SA:FIBR3) e Suzano (SA:SUZB5) avançaram mais de 20% nos cinco dias de pregão.
Ibovespa
O índice enfrentou duras perdas nos três dias seguintes à eleição dos Estados Unidos, o que levou a bolsa a ceder quase 4%, após tombo de 4,2% na semana passada. O Ibovespa fechou a 59.183 pontos, menor patamar desde setembro.
Petrobras (SA:PETR4). A semana foi especialmente dura com a Petrobras que afundou quase 10% somente na sexta-feira em um ambiente negativo com a queda do petróleo no mercado internacional. A companhia informou um prejuízo de R$ 16,5 bilhões provocado por novas baixas contábeis, frustrando as expectativas do mercado por dividendos neste ano. O desempenho operacional, contudo, foi bem recebido pelos analistas.
Essa semana também foi marcada pela segunda redução nos preços dos combustíveis nos últimos 30 dias, um movimento que impacta fortemente a receita futura da companhia. Se por um lado dificulta a geração de caixa para equilibrar a dívida, a metodologia de reajuste facilita desinvestimentos, especialmente na área de refinarias, dutos, terminais e na BR Distribuidora.
Vale (SA:VALE5). Se for preciso apontar um grande destaque do Ibovespa, a Vale é uma das favoritas. Apesar da forte queda de mais de 5% na sexta-feira ter tirado um pouco do brilho da semana, a companhia conseguiu acumular alta de mais de 15% nesta semana negativa do Ibovespa. A Vale subiu com a disparada do minério na China, que avançou para os níveis mais altos em mais de dois anos. As ações ordinárias (SA:VALE3) subiram mais de 20%.
Itaú Unibanco (SA:ITUB4). O banco anunciou que Cândido Bracher assume a presidência do banco em abril, substituindo Roberto Setubal,
BRF (SA:BRFS3). A produtora de proteína animal contratou bancos para assessorar os investimentos de terceiros na subsidiária Sadia Halal.
Embraer (SA:EMBR3). A aérea negocia o layoff de cerca de 2 mil trabalhadores em um momento de baixa demanda.
Balanços corporativos
Veja aqui nosso balanço dos resultados do terceiro trimestre divulgados nesta semana.
Commodities
Minério. A cotação na China disparou com o aumento do preço do carvão e a expectativa positiva em relação à economia do país. O minério de ferro encostou nos US$ 80/t no maior patamar desde 2014.
Petróleo. A commodity cedeu novamente na semana com a perspectiva de maior sobreoferta no próximo ano.
Aço. O Brasil denunciou os EUA na OMC por sobretaxas na exportação da commodity. Na China, o governo acredita que o corte de capacidade das siderúrgicas chegou à meta.
Café. A cotação despencou com a alta do dólar no Brasil e o cenário negativo da semana. Brasil prevê zerar estoques em 2017.
Indicadores
Varejo. As vendas recuaram 1% e registraram o pior setembro em 14 anos.
Inflação. O IPCA fechou outubro em 0,26%, menor patamar para o mês em 16 anos e fica abaixo de 8% em 12 meses. O IGP-M recuou 0,11%. IGP-DI sobe 0,13%. IPC-S avançou para 0,39%.