SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora brasileira Samarco Mineração e suas proprietárias Vale (SA:VALE5) e BHP Billiton contrataram bancos para sondar credores sobre uma potencial renegociação de 3,8 bilhões de dólares em dívidas, após o rompimento da barragem de Mariana levar ao fechamento de uma importante mina, disse uma fonte com conhecimento direto do plano nesta segunda-feira.
De acordo com a fonte, a BHP Billiton contratou o Rothschild & Co como conselheiro para um eventual acordo, a Vale trouxe o Moelis & Co, e o JPMorgan Chase & Co (NYSE:JPM) está aconselhando a Samarco. A fonte solicitou anonimato porque o processo é privado.
Nem a Samarco, a Vale ou a BHP Billiton esboçaram quaisquer propostas a credores, porque as negociações dependerão sobre quando a mineração da Samarco em Minas Gerais obterá permissão para ser reaberta, disse a fonte.
A Bloomberg News noticiou a contratação dos bancos no domingo.
O rompimento da barragem de rejeitos em 5 de novembro causou uma enxurrada de lama que matou 19 pessoas, deixou centenas de desabrigados e poluiu o Rio Doce. O governo considerou o desastre como a pior catástrofe ambiental do país.
A mina está fechada desde então. As autoridades ambientais dizem que a reabertura só será permitida quando a empresa comprovar que a lama não está mais vazando nas proximidades e que a mina pode operar em segurança.
Vale, BHP e Samarco não quiseram comentar. Rothschild, JPMorgan e Moelis não responderam imediatamente a pedidos de comentários.
PRAZOS IRREAIS
A Samarco inicialmente esperava retomar as operações este ano, mas admitiu na semana passada que o prazo não é mais realista.
A FTI Consulting também foi contratada como conselheira para os bancos, para os quais a Samarco deve cerca de 1,6 bilhões de dólares, acrescentou a fonte. Os 2,2 bilhões de dólares restantes são devidos a detentores de títulos, observou a fonte. A FTI não quis comentar.
A empresa propôs a retomada da produção com capacidade limitada e usando antigas cavas de minas para armazenar os rejeitos. Esta proposta ainda está sendo avaliada pelas autoridades, que não indicaram quando ou se será aprovada.
O título da Samarco, negociado em dólar com cupom de 5,375 por cento e vencimento em setembro de 2024, subiu nesta segunda feira 0,75 centavo de dólar, para 47 centavos por dólar. O título perdeu quase metade de seu valor desde o desastre em novembro.
(Por Tatiana Bautzer; reportagem adicional por Stephen Eisenhammer e Barbara Lewis)