Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O Santander Brasil (SA:SANB11) entregou números de desempenho melhores do que o esperado para o segundo trimestre e previu cenário de margens com crédito e receitas com tarifas benigno na segunda metade do ano, mas analistas observaram que benefícios pontuais podem não se repetir, o que levava as units do grupo a perderem força no início da tarde.
Falando primeiro a analistas e depois a jornalistas, executivos do maior banco estrangeiro no país atribuíram à queda nos custos de captação, ao aumento das margens de juros e ao controle dos custos e da inadimplência a responsabilidade pela alta de 7,8 por cento do lucro gerencial do segundo trimestre.
"Conseguimos superar as previsões médias do mercado na maioria dos indicadores", disse e jornalistas o presidente-executivo do Santander Brasil, Sergio Rial.
Além do lucro maior, o banco conseguiu queda de 0,1 ponto no índice de inadimplência na base sequencial, aumento das despesas em nível bem inferior ao da inflação, expansão discreta das provisões para perdas com inadimplência e alta de 14 por cento das receitas com tarifas.
Para analistas, no entanto, a última linha do balanço foi beneficiada por reversão de cerca de 400 milhões de reais de provisões excedentes para calotes e menos gastos com pagamentos de impostos, o que reduz a crença numa melhora permanente do resultado do banco.
Além disso, a forte alta do indicador de inadimplência de 15 a 90 dias (0,7 ponto na base sequencial) pode resultar em mais despesas com provisões à frente.
Com o título "Bom na superfície, mas fraco no conteúdo", a equipe de analistas do Credit Suisse liderada por Marcelo Telles manteve a recomendação "underperform" para as units do Santander Brasil.
O BTG Pactual (SA:BBTG11) reconheceu a gradual melhora do Santander Brasil em vários indicadores importantes, mas pontuou que os papéis do banco são negociados na bolsa com prêmios em relação a rivais como Itaú Unibanco (SA:ITUB4) e Bradesco (SA:BBDC4), o que considera injustificável. Por isso, Eduardo Rosman e equipe mantiveram recomendação de "venda" para a unit do banco.
CENÁRIO MELHOR
Simultaneamente aos comentários de analistas, a unit do Santander Brasil perdeu fôlego na bolsa. Depois de ter subido sozinha no setor na véspera, o papel chegou a avançar mais de 2 por cento no começo do pregão desta quarta-feira. Às 14:06, o ativo tinha alta de 0,8 por cento. O Ibovespa subia 0,3 por cento.
Esse tom menos positivo contrastava com as previsões bastante otimistas de Rial para o segundo semestre, prevendo que o Santander Brasil tem espaço para continuar elevando margem com crédito e receitas com tarifas no segundo semestre, além de menor risco de crédito da problemática cadeia de óleo e gás e na abertura do mercado para retomada das ofertas de ações.
CITI
Rial disse também que o Santander Brasil deve fazer uma oferta vinculante pelas operações de varejo do Citi no Brasil, que estão à venda.
"É muito provável que a gente vá", afirmou Rial a jornalistas durante apresentação dos resultados de segundo trimestre do banco.