Por Nayara Figueiredo e Marcelo Teixeira
SÃO PAULO/NOVA YORK (Reuters) - A São Martinho (SA:SMTO3), produtora brasileira de açúcar e etanol, anunciou planos de produzir um volume maior do biocombustível na safra 2021/22, em detrimento do açúcar.
Em comunicado publicado na noite de segunda-feira, a companhia afirmou que pretende utilizar 58% de sua cana para a produção de etanol, ante 53% na safra passada.
"Acreditamos que os preços de etanol ficarão em patamares mais elevados versus safra anterior, refletindo principalmente o repasse de preços para a gasolina em linha com a paridade internacional --reflexo de aumento do preço do petróleo--, além da expectativa de recuperação da demanda brasileira", disse a São Martinho.
O "guidance" de uma das cinco maiores processadoras de cana-de-açúcar do Brasil é um tanto quanto surpreendente, já que analistas esperavam que as usinas se mantivessem amplamente focadas na produção de açúcar na nova safra, basicamente repetindo o mix visto na temporada anterior.
Outra grande companhia do setor sucroalcooleiro do Brasil, a Copersucar, afirmou nesta terça-feira que não vê uma alteração muito significativa em seu mix de produção.
A Copersucar disse que a alocação média da cana para a produção de açúcar em suas 33 usinas associadas ficará entre 44% e 45%, ante 46% em 2020/21.
"As usinas estão bem avançadas no 'hedge' de açúcar, então há uma limitação nas mudanças para o etanol", afirmou o diretor de Estratégicas da Copersucar, Tomas Manzano.
Manzano disse que uma usina provavelmente teria de recomprar suas posições em contratos futuros em Nova York para direcionar mais cana para a fabricação de etanol, mas que este pode não ser um movimento lucrativo.
A São Martinho reportou um lucro líquido de 927,1 milhões de reais no ano-safra encerrado em março, aumento de 45% na comparação anual, devido especialmente aos preços mais altos do açúcar. A Copersucar também apresentou um lucro maior.
O Brasil deve colher uma safra de cana menor nesta temporada, em função do tempo mais seco que o normal.
A São Martinho disse que esperar processar 9% menos cana na atual temporada.