Por David Shepardson
XANGAI (Reuters) - A secretária de Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, falou nesta quarta-feira sobre o desejo das empresas norte-americanas de fazer negócios na China e suas expectativas de um maior envolvimento com as autoridades chinesas a respeito do acesso ao mercado, após comentários anteriores sobre a China ser "nada investível".
Em uma coletiva de imprensa em Xangai, Raimondo disse que não espera quaisquer avanços em questões que afetam empresas norte-americanas como Intel (NASDAQ:INTC), Micron, Boeing (NYSE:BA), Visa e Mastercard nas suas primeiras reuniões com autoridades chinesas, mas espera "ver alguns resultados" nos próximos meses, como resultado de sua visita de quatro dias a Pequim e Xangai.
Raimondo disse que há um forte apetite entre as empresas norte-americanas para fazer o relacionamento funcionar e que, embora algumas ações do governo chinês tenham sido positivas, a situação precisa corresponder à retórica.
“Há negócios que podemos fazer e há negócios a serem feitos”, afirmou ela. "As empresas dos EUA querem fazer negócios aqui, mas precisam de um ambiente regulatório previsível".
A secretária de Comércio é a mais recente autoridade do governo do presidente Joe Biden a visitar a China em uma tentativa de fortalecer as comunicações, especialmente nas áreas econômica e de defesa, em meio à preocupação de que o atrito entre as duas superpotências possa sair do controle.
Raimondo insiste que os EUA não querem se dissociar da China.
Mas na terça-feira ela disse aos repórteres, em um trem de alta velocidade de Pequim para Xangai, que empresas norte-americanas reclamaram que a China se tornou "nada investível", apontando multas, ataques e outras ações que tornaram arriscado fazer negócios na segunda maior economia do mundo.
O comentário dela sobre as dificuldades que as empresas norte-americanas enfrentam lançou uma luz dura sobre os fluxos comerciais e de investimento entre os rivais geopolíticos.
"A essência das relações econômicas e comerciais China-EUA é o benefício mútuo", disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, nesta quarta-feira, citando as falas do primeiro-ministro Li Qiang durante a sua reunião com Raimondo na terça-feira.
"A politização e a securitização das questões econômicas e comerciais não só afetam seriamente a relação e a confiança mútua entre os dois países, como também prejudicam os interesses das suas empresas e povos", acrescentou.
As empresas têm permanecido no centro de um embate geopolítico entre os dois países há vários anos. A China tem criticado os esforços dos EUA para bloquear o acesso chinês a semicondutores avançados através de controles de exportação.
Raimondo disse que o diálogo sobre controle de exportações visa reduzir mal-entendidos.
Conseguimos esclarecer na primeira reunião que não temos como alvo a China”, declarou ela. “Estamos tendo como alvo ações e comportamentos que prejudicam a segurança nacional dos EUA”.