Sob ameaça, varejistas fogem da 'zona de conforto' com aquisições bilionárias

Publicado 26.04.2021, 10:00
Atualizado 26.04.2021, 13:11
© Reuters.  Sob ameaça, varejistas fogem da 'zona de conforto' com aquisições bili

Mesmo em um cenário em que o Magazine Luiza (SA:MGLU3) se diversificou, apostou no online e vinha trabalhando fortemente para virar um "super app", parecia haver certa resistência entre as demais varejistas brasileiras em mudar. Pelo que se viu na semana passada, o período de inação ficou para trás. Segundo apurou o Estadão, executivos do ramo viveram dias estressantes e de rápidas definições: de repente, caiu a ficha de que é necessário fazer alguma coisa. Em meio a um cenário de crise, agravado pela pandemia, as empresas parecem ter acordado para a dura realidade: é a hora de crescer ou morrer.

Na semana passada, começou a ficar claro que não existe mais como uma empresa querer dominar apenas no seu "quadrado". O movimento da Arezzo (SA:ARZZ3), que fez oferta agressiva pela Hering (SA:HGTX3), mostra o interesse da calçadista em migrar para as confecções - e não em um negócio especializado, como a Reserva (que já adquiriu), mas com uma grande marca.

Mesmo tendo oferecido R$ 3 bilhões à Hering, a empresa de Santa Catarina considerou a oferta baixa e fechou negócio com outra concorrente. A Hering acabou sendo adquirida pelo Grupo Soma (SA:SOMA3), conforme comunicado divulgado nesta segunda-feira (26), que vai pagar R$ 9,630957 à vista e 1,625107 ação ON para cada ação da Cia Hering.

Ao mesmo tempo, a Renner (SA:LREN3) contratou bancos para uma oferta de ações para arrecadar até R$ 6,5 bilhões. O alvo seria o e-commerce Dafiti - que é forte na internet, meio no qual a todo-poderosa Renner ainda engatinha.

"É um movimento simples. Agora, ou a empresa vai ser a consolidadora ou vai ser consolidada", define Marcos Gouvêa de Souza, fundador da consultoria em varejo Gouvêa. Para o presidente do banco americano Morgan Stanley no País, Alessandro Zema, a tendência é que as empresas busquem no mercado negócios para reforçar setores em que ainda não são fortes, e não a busca de escala em áreas que já dominam. O raciocínio se encaixa tanto no caso de Arezzo e Hering quanto na aproximação de Renner e Dafiti.

Mas não só. Na semana passada, a Lojas Americanas (SA:LAME4) colocou para dentro de casa a Uni.co, dona de marcas como Puket (moda) e Imaginarium (decoração). Ainda em 2019, o Magazine Luiza comprou a Netshoes em uma disputa acirrada com a Centauro (SA:SBFG3) - e fincou bandeira nas áreas de moda e esportes.

Tendo o Magalu como exemplo a ser seguido, um grupo de empresas se movimenta para dominar um mundo multicanal e multissetorial - para não acabarem engolidas por quem teve coragem de partir para o ataque primeiro. "A diferença do Magalu para as outras é que há muito tempo ela não é uma empresa de eletrodomésticos", diz um executivo de banco.

O desafio também envolve acrescentar tecnologia a negócios de varejo. "A guinada para a tecnologia está ocorrendo em todos os setores, com adequação ao e-commerce e ao delivery", diz Diogo Aragão, responsável pela área de fusões e aquisições do Bank of America. "As empresas podem decidir entre comprar ou construir, mas, por vezes, é mais vantajoso para a empresa comprar."

E adquirir um negócio já pronto economiza algo que as empresas hoje não têm: tempo. "Há percepção de que a agenda digital precisa ganhar velocidade no pós-pandemia", diz Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese. "Um negócio isolado é mais vulnerável a ser comprado por um ecossistema, como o do Magalu."

'Emergentes'

Se em tese toda empresa quer crescer e se tornar o próximo Magalu ou Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34), o que determina quais são nomes "emergentes" nesse movimento? Em duas palavras: resultado e credibilidade. Três nomes aparecem com força. A Arezzo está com o caixa cheio para ir às compras; a Renner, que há anos entrega resultados, tem cacife para captar bilhões para aquisições. Já Americanas é uma gigante que está integrando digital e lojas físicas, antiga demanda de investidores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.