SÃO PAULO (Reuters) - A Suzano Papel e Celulose (SA:SUZB5) poderá reduzir sua produção de celulose em 2017 se as condições do câmbio e do preço do insumo não remunerarem adequadamente o capital empregado pela companhia, afirmou o presidente-executivo da empresa, Walter Schalka, nesta quarta-feira.
"Na nossa percepção é que se a indústria não tiver uma disciplina de oferta e não retirar oferta adicional, poderemos gerar situação em que o Roic (rentabilidade) da indústria fique abaixo do requerido por todos nós", disse Schalka em teleconferência com analistas.
Mais cedo, a empresa divulgou lucro de apenas 53 milhões de reais para o terceiro trimestre, impactado pela queda nos preços da celulose no período e valorização do real ante o dólar. A empresa exporta quase toda a sua produção de celulose.
As ações da companhia, que chegaram a operar em baixa mais cedo, inverteram de sinal após os comentários do executivo e por volta das 13:40 lideravam os ganhos do Ibovespa, mostrando valorização de 4,45 por cento.
Schalka ressaltou que a Suzano ainda não se decidiu realmente se vai cortar a produção no próximo ano e comentou que se perceber que rivais não tomarem o mesmo caminho de redução da oferta a empresa vai passar a produzir à plena capacidade.
O executivo comentou que o investimento previsto para 2017 é de 1,7 bilhão de reais, abaixo dos 1,9 bilhão projetados para 2016, que, por sua vez, já são uma conta menor que os 2,1 bilhões estimados ao final do segundo trimestre deste ano.
Dentro dos planos da empresa, o projeto de expansão de capacidade de produção de celulose em Mucuri (BA) foi postergado para 2018 o que deve ajudar na redução da conta dos investimentos previstos para o próximo ano.
Schalka explicou que parte da decisão sobre Mucuri deve-se à entrada de novas capacidades no mercado mundial de celulose no próximo ano, que incluem nova linha da rival Fibria (SA:FIBR3) e fábrica na Indonésia da Asia Pulp & Paper. "Por disciplina de capital (...) e disciplina de oferta, resolvemos postergar", disse o executivo. "A indústria como um todo está destruindo valor", acrescentou.
Apesar disso, a companhia tem observado demanda ainda firme por celulose e aposta que essa tendência deve se manter ao longo do quarto trimestre, disse na teleconferência Carlos Almeida Jr, diretor de papel e celulose da Suzano.
(Por Alberto Alerigi Jr.)