SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam em baixa nesta sexta-feira no Brasil, influenciadas pela queda dos rendimentos dos Treasuries em meio à crise com o Deutsche Bank , pela leitura de que o IPCA-15 de março não foi tão ruim e com investidores ajustando posições após o forte avanço de quinta-feira.
Pela manhã, os mercados globais voltaram a ser abalados por mais um banco, desta vez o Deutsche Ban (ETR:DBKGn), cujas ações eram pressionadas pela alta no custo de seguro dos títulos da instituição contra risco de inadimplência.
Após as turbulências trazidas por dois bancos norte-americanos e um suíço nas últimas semanas, as preocupações com o alemão Deutsche Bank dispararam a busca por ativos de menor risco, como os Treasuries, que viram seus rendimentos recuarem.
A queda nos rendimentos dos Treasuries abriu espaço, no Brasil, para a baixa das taxas dos contratos de DI (Depósito Interfinanceiro), em meio à volta da percepção de que a crise bancária global ainda é um risco para o sistema, apesar das ações mais recentes dos bancos centrais.
Este movimento de baixa das taxas futuras foi amplificado pela disposição de alguns investidores de acertar posições, após o forte avanço ocorrido na quinta-feira, na esteira da divulgação de um comunicado mais duro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em relação ao controle da inflação.
O terceiro fator baixista para as taxas dos contratos futuros foi o IPCA-15, conforme dois profissionais ouvidos pela Reuters. O indicador, tratado como uma espécie de prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,69% em março, desacelerando em relação ao 0,76% de fevereiro.
“Na quinta-feira, dado a piora forte do câmbio, os juros até tiveram um comportamento razoável. A parte curta (da curva) abriu mais que a longa. Nesta sexta-feira, o mercado de juros reflete, além do externo, um IPCA-15 um pouco mais benigno em sua composição”, comentou Felipe Novaes, chefe da mesa de operações do C6 Bank.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para outubro de 2023 estava em 13,39%, ante 13,45% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,085%, ante 13,188% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,95%, ante 12,131%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 12,25%, ante 12,374% do ajuste anterior.
No exterior, os retornos dos Treasuries seguiam em baixa no fim da tarde, em um ambiente ainda tenso pela turbulência com o Deutsche Bank.
Às 16:36 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 2,80 pontos-base, a 3,3762%.
No Brasil, na próxima semana, os investidores estarão atentos à divulgação da ata do encontro do Copom, na terça-feira, e à coletiva de imprensa do presidente do BC, Roberto Campos Neto, na quinta-feira, após apresentação do Relatório de Inflação.
No fim da tarde desta sexta-feira, a curva a termo precificava 28% de chances de o BC reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de maio e 72% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.
(Por Fabrício de Castro)