Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Após quatro dias em queda, as taxas dos DIs fecharam a segunda-feira muito próximas da estabilidade, com investidores no Brasil e no exterior à espera da agenda do restante da semana que trará a divulgação de dados de inflação e declarações do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, como destaques.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo -- estava em 10,595%, ante 10,594% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,245%, ante 11,241% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,55%, ante 12,556%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,03%, ante 12,036%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,03%, ante 12,045%.
Pela manhã as taxas dos DIs chegaram a exibir ganhos firmes, com investidores realizando lucros e se reposicionando após os recuos recentes, sendo que os rendimentos dos Treasuries também subiam.
Ao longo do dia, porém, os yields se reaproximaram da estabilidade, o que fez as taxas futuras no Brasil também perderem força.
“O mercado está muito atento aos próximos dias. Hoje, tirando a eleição na França, não há trigers (gatilhos), e o mercado não quer se antecipar aos próximos eventos”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado. “A semana vai começar mesmo na terça-feira.”
Jerome Powell prestará depoimento ao Senado dos EUA na terça-feira e à Câmara na quarta-feira, quando investidores estarão atentos às pistas sobre o futuro da política monetária norte-americana.
Na quarta-feira sai o IPCA -- o índice de inflação oficial do Brasil -- e na quinta-feira será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA. Na sexta-feira é a vez do índice de preços ao produtor (PPI) norte-americano.
Pela manhã, o relatório Focus do Banco Central mostrou que a projeção mediana do mercado para o IPCA em 2024 foi de 4,00% para 4,02%. Para 2025 a projeção passou de 3,87% para 3,88%, na décima elevação semanal consecutiva.
No início da tarde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento durante cúpula do Mercosul, limitando-se a abordar questões políticas e econômicas regionais. Como vem ocorrendo nos últimos dias, quando adotou um discurso mais moderado, não tratou do Banco Central do Brasil ou do atual nível dos juros.
Perto do fechamento desta sexta-feira a curva a termo precificava 83% de chances de manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano no fim deste mês e 17% de possibilidade de alta de 25 pontos-base. No início da semana passada, antes da moderação do discurso de Lula, as apostas majoritárias eram de elevação da Selic -- algo que o próprio BC tem indicado que não está em seu cenário-base.
Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- estava estável, a 4,274%.