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Taxas zeram alta após entrevista de Powell e terminam sessão estáveis

Publicado 01.02.2023, 15:43
Atualizado 01.02.2023, 19:10
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A cautela com a agenda carregada da quarta-feira, 1º, puxou os juros para cima durante boa parte do dia, mas no fim da tarde o movimento arrefeceu, após a entrevista do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, lida como "dovish", e as taxas fecharam estáveis. Os retornos dos Treasuries ampliaram a queda e passaram a renovar mínimas, levando as taxas por aqui a reduzirem sensivelmente o avanço, sendo que as curtas foram para os ajustes anteriores.

Quanto ao Copom, as expectativas estavam bem ajustadas para a manutenção da Selic e para um comunicado que aborde a piora das estimativas de inflação e o cenário fiscal. No radar, ficou ainda a eleição para a presidência do Senado, com os agentes tentando mapear impactos econômicos de uma eventual mudança no comando da casa em caso de vitória de Rogério Marinho (PL-RN). A votação terminou após o fechamento dos negócios, com a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,53% (mínima), de 13,52% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou a 12,78% (mínima), de 12,79% ontem. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 12,77%, estável, e a do DI para janeiro de 2029 encerrou também estável, a 12,95%.

A agenda pesada, com reuniões do Fed, Copom e eleição no Senado, deu a senha para o mercado testar ao longo da sessão uma correção parcial à queda de ontem. Pela manhã, a alta era mais moderada, mas ganhou ritmo na medida em que os eventos se aproximavam e o humor lá fora piorava. A decisão do Fed de elevar os juros em 25 pontos-base, para a faixa entre 4,50% e 4,75%, era consensual, mas havia alguma apreensão quanto ao discurso de Jerome Powell.

Powell, no entanto, disse que o nível da política monetária ainda não é suficientemente restritivo, pois a tarefa de reduzir a inflação ainda não está completa. Reconheceu que a queda dos dados de inflação nos últimos três meses é "encorajadora" e que não veio a custa do enfraquecimento do emprego. "Pela primeira vez, podemos dizer que processo desinflacionário começou", afirmou Powell. Disse ainda que não há intenção de apertar a política monetária de forma excessiva. Por outro lado, afirmou que uma pausa nos aumentos não está em discussão e que não espera cortes de juro este ano.

O mercado olhou Powell pelo copo meio cheio, com forte ajuste de baixa no yield da T-Note de dez anos, para a casa de 3,40%, de 3,50% ontem, assim como o dólar acelerou as perdas ante as demais moedas.

Na curva local, a reação dos ativos no exterior tirou pressão das taxas, mas o mercado conservava certa cautela, na medida em que a repercussão do Copom ficará para amanhã. A aposta de manutenção dos 13,75% da Selic é consenso, com os DIs precificando apenas 10 pontos-base de alta.

Quanto ao comunicado, o mercado quer ver a percepção dos diretores sobre a escalada das expectativas futuras, desde que Lula criticou os níveis das metas de inflação, e também se houve mudança na percepção sobre os riscos fiscais, que, na avaliação dos economistas da LCA, "pouco refluíram desde a reunião do Copom de dezembro". "É quase certo que o Copom evitará opinar sobre a definição das metas de inflação em seus documentos oficiais; mas, por outro lado, também é quase certo que a autoridade manifestará apreensão com a alta recente das expectativas inflacionárias", avaliam.

Em Brasília, a eleição do Senado, embora considerada hoje pelos players como fator mais secundário, também foi monitorada. Enquanto a vitória de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara era considerada "favas contadas", no Senado a candidatura de Pacheco ainda tinha algum risco, com o crescimento dos votos de Marinho nos últimos dias. A leitura do que representaria uma eventual vitória do ex-ministro não é consensual entre os agentes.

Se de um lado, por ser oposição, poderia dificultar a governabilidade e o andamento das reformas no governo Lula, de outro também representaria um potencial freio à aprovação de medidas populistas que pressionem ainda mais os gastos públicos ou até mesmo questões como mudança na lei das estatais. "Pode dar uma segurada no excesso de Lula", avalia a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira.

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