Timbro entra na exportação de café do Brasil e vê espaço para crescer

Publicado 10.10.2025, 08:11
Atualizado 10.10.2025, 08:14
© Reuters.

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A Timbro, plataforma brasileira de comércio exterior de forte crescimento nos últimos anos, incluiu o café ao seu portfólio de produtos e vê espaço para crescer no segmento após tradicionais tradings perderem espaço no mercado cafeeiro diante da volatilidade e preços recordes no último ano, disse Caio Melles, um dos sócios da empresa, à Reuters.

A companhia, que se consolidou como uma das maiores exportadoras de açúcar do Brasil em apenas 15 anos de existência, também negocia outros produtos, que vão do minério de ferro ao algodão, além de realizar importações de aeronaves, carros, equipamentos pesados e diversas mercadorias para a Amazon.

"Acho que nós entramos no café no momento certo, (um momento) muito complicado para o segmento. Muita gente ficou pelo caminho e quebrou nesses últimos dois, três anos, com as altas que aconteceram", disse Melles.

A empresa, que faturou R$18 bilhões em 2024, coloca-se em um mercado de café que ficou "carente" de companhias "sólidas" no Brasil, que sejam capazes de acompanhar a produção, precificar e garantir entrega, o que dá um impulso adicional para a atuação da Timbro no setor, comentou ele.

"E nós estamos entrando no mercado (de café) sem livros, sem obrigação e com uma operação leve no sentido de prestar serviços, exportando, mas prestando um serviço ao produtor", afirmou.

A Timbro tinha operações financeiras junto a cooperativas e grandes produtores de café, mas no mercado físico a safra 2025 será a primeira completa da companhia, uma atuação que não havia sido previamente divulgada pela empresa.

Melles, cuja família é produtora de café em São Sebastião do Paraíso (MG), juntou-se aos fundadores da Timbro Jorge Guinle e Bruno Russo logo no início da empresa. Na época, ele cuidava da parte de importação da companhia.

Agora, ele e outro sócio João Lima estão com viagens agendadas para a Itália e Alemanha, grandes importadores do café brasileiro, para prospectar novos negócios.

"Vamos estreitar laços, porque é um momento muito oportuno... a Timbro tem um espaço importante para preencher no mercado, e nós estamos dando esse passo agora", afirmou.

Para o primeiro ano, os volumes de café ainda devem ser relativamente pequenos, e a companhia espera negociar cerca de 80 mil sacas de 60 kg. "É uma operação ainda modesta. Mas vamos com calma, pois é um mercado com volatilidade gigante e vamos dar um passo agora", disse ele.

No açúcar, os volumes negociados pela Timbro deverão ter uma estabilidade após o total exportado ter passado de 300 mil toneladas em 2018 para 2 milhões de toneladas em 2024. Em 2025 a empresa pontua como um marco no setor o início das operações comerciais nos Estados Unidos, com originação em diversos países das Américas.

No agronegócio, outro avanço importante este ano foi a abertura do escritório em Dubai, um passo estratégico para estreitar o relacionamento com clientes-chave e operar com maior eficiência em fusos distintos.

Na mesma linha, a empresa está expandindo para a Ásia, para "ter um horário chinês", considerando a importância da China como importador de commodities brasileiras, disse Melles.

Atualmente, a empresa tem 65-70% de seus negócios voltados para exportação e 30-35% na importação.

SOJA E MILHO

Mas a Timbro ainda atua de forma mais pontual na exportação de milho e soja, as commodities agrícolas com maiores volumes exportados pelo Brasil, disse o executivo, ressaltando que as operações com grãos demandam uma logística integrada para serem mais lucrativas, algo que passa por planos futuros da empresa.

"Estamos fazendo alguns navios de soja e milho, devemos fazer meia dúzia este ano de cada commodity, mais pontual ainda. Grãos, se não estiver na logística, não dá jogo... Em grãos a logística vale mais que o produto. Se você não estiver na logística, é um ’penalty’", disse ele.

Ele acrescentou que a companhia avalia a possibilidade de alguma parceria para a logística de grãos.

Na unidade de aço e minérios, com a previsão de exportação de mais de 1 milhão de toneladas para China e Europa ao longo do ano, a Timbro está ampliando a operação com o início de processos de due diligence para novos ativos minerários, com foco em parcerias de longo prazo que sustentem a expansão estratégica da empresa nesse setor.

"Estamos dando um passo na exploração, não de operar a mina diretamente, mas estamos usando ’funding’ para a operação ocorrer", afirmou ele, explicando que a companhia busca maior margem no comércio com essa estratégia.

 

(Por Roberto Samora)

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