TAIPÉ (Reuters) - O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano à Presidência do país na eleição deste ano, Donald Trump, "tem muito a fazer" e não entende o papel de Taiwan no setor de semicondutores, possivelmente porque outros o informaram erroneamente, disse o ministro da Economia taiwanês, Kuo Jyh-huei, nesta segunda-feira.
Trump irritou Taiwan, que é democraticamente governado e é reivindicado pela China como parte do território chinês, ao dizer em julho que "Taiwan deveria nos pagar pela defesa" e que a ilha havia tomado o negócio norte-americano de semicondutores.
Essas declarações abalaram as ações da taiwanesa TSMC, a maior fabricante de chips contratada do mundo e uma das principais fornecedoras de empresas como a Apple (NASDAQ:AAPL) e a Nvidia (NASDAQ:NVDA).
Falando a repórteres em Taipé antes do evento Semicon Taiwan desta semana, que contará com a presença de altos executivos da TSMC, Samsung (KS:005930) e SK Hynix, Kuo rejeitou os comentários de Trump.
"Taiwan não roubou a indústria de chips dos EUA", disse Kuo, anteriormente executivo sênior de um fornecedor da TSMC, a Topco Scientific.
Taiwan ajuda a complementar o setor de chips dos EUA na fabricação e produz chips conforme encomendado pelo setor dos EUA, acrescentou.
"Isso é um mal-entendido da parte de Trump. O presidente tem muito a fazer; talvez um amigo ou concorrente em Taiwan tenha lhe dito isso", disse Kuo.
A TSMC está gastando bilhões na construção de novas fábricas no exterior, incluindo 65 bilhões de dólares em três fábricas no Estado norte-americano do Arizona, embora diga que a maior parte da produção permanecerá em Taiwan.
As fábricas da TSMC no Arizona são uma parte crucial dos esforços do governo do atual presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, para impulsionar a cadeia de suprimentos de chips e garantir que os Estados Unidos sejam menos dependentes de chips fabricados no exterior.
Em 2022, o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Chips e Ciência para impulsionar a produção doméstica de semicondutores com um programa de 52,7 bilhões de dólares em subsídios para pesquisa e fabricação.
Taiwan recebeu forte apoio do governo Trump de 2017 a 2021, incluindo vendas de armas, que continuaram sob o governo Biden.
Trump conversou com o então presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, em 2016, logo após ter vencido a eleição, o que provocou raiva em Pequim, já que os Estados Unidos não reconhecem oficialmente o governo de Taiwan, e alegria em Taipé.
O governo de Taiwan rejeita as reivindicações de soberania da China sobre a ilha.
(Reportagem de Ben Blanchard)