Unidade de dispositivos da Amazon desacelera com fraqueza em desenvolvimento, dizem fontes

Publicado 19.09.2023, 11:41
Atualizado 19.09.2023, 11:45
© Reuters. REUTERS/Jeffrey Dastin

Por Greg Bensinger

SÃO FRANCISCO, Estados Unidos (Reuters) - Alguns funcionários da divisão de hardware da Amazon - responsável por dispositivos como o leitor de livros digitais Kindle e o assistente de voz Echo - afirmam que o estado de ânimo da divisão foi afetado por cortes de pessoal e por um conjunto de aparelhos em desenvolvimento que, segundo eles, dificilmente farão sucesso.

A unidade, conhecida como Lab126, era um foco para o fundador da Amazon, Jeff Bezos, que a retratava como um motor para projetos futuros, mas, mais recentemente, foi atingida por demissões em massa e saídas de executivos importantes, incluindo o líder Dave Limp, um veterano de 13 anos que anunciou planos de deixar o cargo no final deste ano.

A Reuters entrevistou mais de 15 funcionários atuais e antigos da Amazon, que descreveram uma miscelânea de novos dispositivos em desenvolvimento, muitos deles destinados a incentivar os clientes a usarem o serviço de voz Alexa, que agora enfrenta competição da era da IA ​​generativa e do ChatGPT.

A maior varejista online do mundo realizará um evento de lançamento de dispositivos e serviços em 20 de setembro, no qual se espera que apresente versões atualizadas de alguns produtos existentes, como o tablet Fire, o Fire TV stick e o Kindle Scribe, entre outros anúncios.

Segundo as fontes, a Amazon tem cinco novos dispositivos em desenvolvimento. Os aparelhos incluem um detector de monóxido de carbono e um monitor de consumo de energia doméstica - ambos com a Alexa integrada - além de um projetor doméstico para transformar qualquer superfície em uma tela. Algumas das fontes mencionaram outros projetos, cujos detalhes completos não puderam ser confirmados.

A Amazon espera que os consumidores instalem dispositivos habilitados para Alexa em mais cômodos de suas casas e se acostumem a usar o sistema ao longo do dia, disseram as fontes.

A empresa também está trabalhando em um medidor digital habilitado para Alexa (por exemplo, para mapear as dimensões da casa de alguém) e um dispositivo de teste de vírus inicialmente destinado a detectar coronavírus, disseram as fontes.

A Amazon mantém sigilo sobre seus projetos internos no Lab126, que há muito tempo é crucial para seu esforço de se posicionar como uma empresa inovadora em tecnologia. Nem todos eles serão produzidos comercialmente, às vezes devido a preocupações financeiras ou de mercado, disseram as fontes, enquanto alguns já foram retrabalhados ou cancelados por completo.

Embora relativamente pequena dentro do vasto império da Amazon, a unidade de dispositivos tem sido simbolicamente importante como um campo de testes de gadgets e a face pública da Alexa por meio de assistentes de voz. A Amazon disse que seu negócio de aparelhos e serviços não é lucrativo, sem fornecer números.

Um porta-voz da Amazon se recusou a comentar sobre os produtos em desenvolvimento.

"Sugerir que alguns comentários pintam um quadro da realidade de uma organização tão grande e diversificada como a de dispositivos e serviços é impreciso", disse a porta-voz Kinley Pearsall em resposta a perguntas sobre moral dos funcionários e o conjunto de dispositivos em desenvolvimento no Lab126. A "empresa tem sido um marco de inovação por mais de uma década e criou uma série de produtos que são partes significativas da vida cotidiana das pessoas".

As fontes disseram que os anos de perdas e mudanças de estratégias do laboratório contribuíram para a desaceleração da empresa. Muitas delas apontaram para o robô de monitoramento doméstico Astro, lançado em 2021, que, por 1.600 dólares, continua sendo um nicho e foi criticado por causar arrepios em alguns consumidores.

Isso se seguiu a uma série de dispositivos com vendas fracas, como um relógio com assistente de voz, o smartphone Fire e uma câmera que funciona como um estilista pessoal, disseram as fontes.

A Amazon, disseram as fontes, está tentando lidar com o interesse cada vez menor na Alexa, quase uma década após seu lançamento, e enfrenta a concorrência de chatbots do Google (NASDAQ:GOOGL), e de uma série de startups, incluindo a OpenAI, apoiada pela Microsoft (NASDAQ:MSFT).

A companhia disse que está desenvolvendo uma inteligência artificial generativa própria para reforçar a Alexa, mas não revelou muito além de uma afirmação em agosto de que "cada uma de nossas equipes está trabalhando na criação de aplicativos de IA generativa".

EXÔDO

Limp, que supervisionou a estratégia de dispositivos, planeja sair antes do final do ano. A Amazon deve nomear como sucessor Panos Panay, ex-diretor de produtos da Microsoft, que supervisionou o desenvolvimento da família de computadores Surface, de acordo com a Bloomberg. A Microsoft se recusou a comentar e a Amazon não respondeu a um pedido de comentário.

Os funcionários da Alexa foram incluídos em rodadas de demissões em massa iniciadas no ano passado, resultando em 27 mil cortes de pessoal na Amazon. Apesar da ampla popularização dos assistentes de voz, a Alexa, com 71,6 milhões de usuários em 2022, ficou atrás do Google e da Siri, da Apple (NASDAQ:AAPL), que tinham 81,5 milhões e 77,6 milhões, respectivamente, de acordo com a empresa de análise Insider Intelligence.

Durante anos, a Amazon afirmou que pode vender dispositivos por um preço próximo ao custo de produção e obter lucro com os serviços oferecidos neles. Isso funcionou bem com o leitor digital Kindle.

Mas a Alexa é outra questão. A maioria dos esforços para ganhar dinheiro com a assistente tem se concentrado em facilitar as compras na Amazon.com (NASDAQ:AMZN). Mas uma dúzia de pessoas que trabalharam na unidade dizem que não viram fortes evidências de que os clientes estão comprando coisas que não comprariam de outra forma.

Os funcionários dizem que, nos últimos anos, a liderança passou a se concentrar na produção de dispositivos mais baratos para potencialmente ganhar dinheiro com a venda do próprio hardware.

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS BC AAJ

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