SÃO PAULO (Reuters) - A Usiminas (BVMF:USIM5) está mantendo preços de aço no terceiro trimestre ante o final do primeiro semestre e espera que as melhorias advindas da bilionária reforma do alto-forno 3 da usina de Ipatinga (MG) apareçam em seus resultados em 2024, afirmaram executivos da companhia nesta sexta-feira.
O diretor comercial da companhia, Miguel Camejo, afirmou em conferência com analistas nesta sexta-feira que a média de preços de aço da empresa no Brasil em junho foi 3% menor que a média do segundo trimestre e que os contratos semestrais com montadoras de veículos tiveram os preços mantidos para o terceiro trimestre.
Camejo não mencionou a perspectiva para os próximos meses, em meio ao crescimento de importações de aço chinês pelo Brasil, que, segundo ele, têm sido feitas com "margens negativas" de lucro para os produtores da China. Mas afirmou que a empresa já iniciou discussões com montadoras com contratos que se iniciam em setembro.
A companhia estimou vendas de aço entre 900 mil e 1 milhão de toneladas para o terceiro trimestre, praticamente em linha com o vendido nos dois períodos anteriores. Segundo Camejo, para enfrentar as importações, que têm tomado mercado dos produtores nacionais, a Usiminas pretende "trabalhar com parceiros nos mercados para não perder espaço", mas não deu detalhes. Além disso, a empresa defende uma "ação institucional" do setor siderúrgico nacional junto a autoridades, para "equalizar um pouco essa situação".
As importações de aço no país dispararam cerca de 43% no primeiro semestre sobre um ano antes, para 2,2 milhões de toneladas, segundo dados da Aço Brasil.
REFORMA E CUSTOS
Comentando sobre a reforma do alto-forno 3, o novo presidente-executivo da Usiminas, Marcelo Chara, afirmou que dada a complexidade dos trabalhos, "tivemos uma extensão de prazo agora... mas estamos alinhados ao orçamento, considerando uma obras deste tamanho".
O forno tinha previsão de voltar a operar em agosto, mas a Usiminas informou mais cedo que a estimativa agora é setembro.
A Usiminas divulgou mais cedo que teve lucro líquido de 287 milhões de reais entre abril e o final de junho, queda de 73% sobre o desempenho do mesmo período de 2022 e de quase 50% sobre os três primeiros meses deste ano, pressionado em parte pelas obras no equipamento.
O alto-forno 3, maior equipamento de produção de aço bruto da Usiminas, está parado desde abril para uma reforma geral que tem investimento estimado em 2,7 bilhões de reais. A capacidade do equipamento é de cerca de 3 milhões de toneladas por ano, mas a companhia vinha operando com ele a cerca de 60% deste volume, segundo os executivos.
As obras, segundo Chara, vão permitir que o forno tenha uma utilização mais eficiente de coque, o que deve contribuir para melhoria da produtividade da usina, mas o executivo não fez projeções. O equipamento estava operando uma campanha de 24 anos.
"Vamos perceber os impactos no resultado (da reforma do forno) em 2024", disse o vice-presidente de finanças da Usiminas, Thiago Rodrigues, ressaltando que a progressão de crescimento do uso do equipamento, o chamado "ramp-up" vai levar vários meses.
Usiminas vai retomar neste trimestre estoque de matérias-primas como carvão e minério de ferro para se preparar para o religamento do alto-forno 3, de acordo com Rodrigues. Com isso, o executivo afirmou que a empresa tem expectativa que o custo de produção até o final do ano fique estável ante o final do primeiro semestre.
"Apesar do custo caixa ter subido no segundo trimestre, ele caiu no último mês do trimestre, então a expectativa é de estabilidade", disse Rodrigues.
As ações da Usiminas lideravam as quedas do Ibovespa por volta das 15h20, com recuo de 4,5%, para 7,15 reais cada, enquanto o índice operava praticamente estável.
Analistas da BB Investimentos afirmaram que a projeção de vendas para o terceiro trimestre da Usiminas reflete "a demanda enfraquecida no mercado doméstico" e mantiveram perspectiva "neutra" para as ações da empresa diante "de perspectivas pouco inspiradoras que possam levar à uma evolução dos resultados no curto prazo".
(Por Alberto Alerigi Jr.; Edição de André Romani)