Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale (SA:VALE3) reiniciou o processo de licenciamento ambiental para seu antigo projeto Apolo, entre as cidades de Caeté e Santa Bárbara, em Minas Gerais, após uma profunda revisão do plano original, que permitiu uma redução de impactos ambientais, conforme apresentação da empresa vista pela Reuters.
Com capacidade para produzir 14 milhões de toneladas por ano e vida útil de 29 anos, o cronograma do Projeto Apolo Novo Conceito prevê conquistar a licença para iniciar operações em 2028, segundo documento da empresa apresentado à Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta terça-feira.
No mais novo plano, a companhia dispensará o uso de barragens e contará com uma usina e um novo ramal ferroviário de 8 km de comprimento, que será conectado à Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM).
A empresa protocolou em setembro junto ao Estado mineiro o novo Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) para a retomada do licenciamento. A expectativa da empresa é obter a licença prévia em 2023, seguida da licença de instalação em 2024.
O empreendimento deve gerar cerca de 2.600 empregos temporários no pico das obras. Já na fase de operação, serão cerca de 2.800 vagas de trabalho, sendo 740 empregos diretos (entre próprios e terceiros) e 2.100 indiretos e induzidos.
Ainda durante a operação, estima-se a movimentação de cerca de 138 milhões de reais em massa salarial anualmente, além de uma adição de 151 milhões de reais em impostos (CFEM e TRFM) por ano.
NOVO CONCEITO
O empreendimento, que teve seu licenciamento original iniciado em 2009, passou por diversas revisões para atender mudanças na legislação e solicitações da sociedade civil, conforme destacou a Vale em email à Reuters.
Além da eliminação do uso de barragens, a versão remodelada também traz reduções significativas na área do projeto, no consumo de água e na emissão de carbono, ressaltou a empresa.
"O novo Projeto Apolo ocupa uma área 32% menor do que a proposta inicial de 2009, passando de 2.000 hectares para 1.368 hectares", disse a empresa, por email.
"A área do empreendimento também não interfere com os limites do Parque Nacional da Serra do Gandarela, criado em 2014 com uma área de 31.270 hectares, dos quais cerca de 15.000 hectares estão em processo de possível doação pela Vale para o ICMBio."
O consumo de água reduziu em cerca de 95% devido ao processamento a seco do minério de ferro. Atualmente, a necessidade do insumo para o projeto está prevista em aproximadamente 100 m³/h, contra 1.900 m³/h estimados em 2009.
Para aumentar as condições de segurança e reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera, serão utilizados caminhões autônomos na área de lavra para transporte do minério.
Apresentações do novo conceito a comunidades vizinhas foram iniciadas em julho, segundo a empresa, ao frisar que manterá o relacionamento com esses grupos, além de outros setores da sociedade civil, para esclarecimento de dúvidas e discussão de soluções relacionadas ao projeto.