(Reuters) - A mineradora Vale (SA:VALE3) suspendeu sua política de remuneração aos acionistas, o que na prática significa o não pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio, após o rompimento de uma barragem de mineração da companhia em Brumadinho (MG), que deixou dezenas de mortos até o momento e centenas de desaparecidos.
Em comunicado no final da noite de domingo, a companhia informou que também foram suspensos o pagamento de bônus a seus executivos e qualquer deliberação sobre a recompra de ações da empresa.
A companhia não especificou de imediato por quanto tempo vale a suspensão.
A Vale havia informado, no ano passado, que o dividendo mínimo relativo ao segundo semestre de 2018 seria de 2,3 bilhões de dólares, ante cerca de 1,9 bilhão de dólares, no primeiro semestre, dependendo dos resultados financeiros.
As ações da companhia despencavam mais de 17 por cento, às 11h15.
As decisões aconteceram em reunião extraordinária do Conselho de Administração da mineradora que ainda aprovou a criação de dois Comitês Independentes de Assessoramento Extraordinário, cujos membros serão indicados pelo colegiado.
Um dos comitês terá como objetivo acompanhar as providências destinadas à assistência às vítimas e à recuperação da área atingida pelo rompimento da barragem em Brumadinho, enquanto o segundo será voltado à apuração das causas e responsabilidades pelo rompimento da barragem.
Segundo a Vale, o primeiro comitê pretende "assegurar que serão empregados todos recursos necessários" no apoio às vítimas e em ações de reparação.
A empresa acrescentou que os comitês deverão ser compostos por "maioria de membros externos, independentes, de reputação ilibada e com experiência nos temas de que se ocuparão".
A Vale disse ainda que o Conselho de Administração da empresa "permanece em prontidão e acompanhando a evolução dos eventos relativos ao rompimento da barragem e tomará as medidas adicionais necessárias".
Segundo a mais recente atualização de números de vítimas da tragédia, divulgada na manhã desta segunda-feira, o rompimento da barragem deixou 60 mortos e 292 desaparecidos após uma enorme avalanche de lama de rejeitos que atingiu comunidades e área administrativa da própria Vale.
(Por Luciano Costa)