Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) -O grupo de varejo Via informou nesta quinta-feira que contratou bancos para uma "potencial" oferta subsequente de ações para melhorar a estrutura de capital, em operação na qual pretende levantar pelo menos 1 bilhão de reais.
A companhia dona das redes Casas Bahia e Ponto e do banco digital banQi contratou Bradesco BBI, BTG Pactual (BVMF:BPAC11), UBS Brasil, Itaú BBA e Santander Brasil (BVMF:SANB11) para a operação, segundo o fato relevante ao mercado.
O tamanho da oferta representa uma emissão de 752 milhões de ações, considerando o preço de fechamento do papel da véspera, de 1,33 real, e 47% do valor de mercado da companhia.
"Uma diluição grande", ressaltaram analistas do Citi em relatório a clientes, avaliando que o mercado já aguardava um aumento de capital após a empresa ter convocado assembleia para analisar um aumento do seu capital social em 1,4 bilhão de ações ordinárias, para até 3 bilhões de ações. A reunião foi marcada para a sexta-feira.
Nesta quinta-feira, as ações chegaram a subir na abertura, tocando 1,35 real, mas reverteram o movimento e atingiram 1,26 real no pior momento, queda de mais de 5%. Às 11h33, eram negociadas em queda de 2,26%, a 1,30 real.
Na véspera, os papéis completaram dez pregões sem sinal positivo, acumulando no período um recuo de quase 26%.
O anúncio ocorre em meio a indícios de recrudescimento do mercado de capitais no Brasil com uma série de emissões subsequentes de ações, conhecidas como follow-ons, realizadas ou anunciadas nas últimas semanas por empresas como MRV (BVMF:MRVE3), Tenda (BVMF:TEND3), Direcional (BVMF:DIRR3) e BRF (BVMF:BRFS3).
Os planos também ocorrem tendo como pano de fundo um varejo pressionado no país desde o início do ano após a explosão da crise que levou a Americanas (BVMF:AMER3) a um dos maiores processos de recuperação judicial da história e também pelo cenário de juros ainda elevados e endividamento das famílias.
"A potencial oferta terá como objetivo captar recursos para promover a melhora da estrutura de capital da companhia, incluindo o reforço do capital de giro e o investimento em cotas subordinadas da operação de Fidc da carteira de crediário", afirmou a Via no fato relevante nesta quinta-feira.
De acordo com os analistas do Citi, embora a dívida financeira não seja necessariamente problemática, em 3,6 bilhões de reais no segundo trimestre e com 66% tendo vencimentos de longo prazo, a questão é que as despesas financeiras totais totalizaram 2,8 bilhões de reais nos últimos 12 meses versus um Ebitda de 2,2 bilhões de reais.
"Portanto, a administração precisa reestruturar prontamente seu balanço", afirmaram.
Há três semanas, a Via anunciou novo prejuízo trimestral, de quase meio bilhão de reais, e um novo plano de negócios que inclui redução de até 1 bilhão de reais em estoques neste ano e alteração na forma de captação para financiar o crediário que passará a ser feito via Fidcs, ou fundos de investimento em direitos creditórios.
No contexto do follow on, a Via afirmou que os acionistas "de referência", os fundos Goldentree e Twinsf e o empresário Michael Klein, da família fundadora das Casas Bahia, "manifestaram a intenção de exercer os respectivos direitos de prioridade na potencial oferta".
(Edição Alberto Alerigi Jr.)