Por Karl Plume e Ruhi Soni
(Reuters) - A trading global de commodities agrícolas Bunge (NYSE:BG) divulgou nesta quarta-feira um aumento do lucro ajustado trimestral e elevou sua previsão de lucro para o ano inteiro em 21% devido à demanda robusta e à oferta mais apertada de culturas essenciais desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.
A guerra exacerbou a já escassa oferta de grãos e oleaginosas após a redução das safras na América do Sul e em outras importantes áreas de produção, aumentando a demanda e elevando as margens de processamento dos cultivos para a Bunge.
Os resultados estão alinhados aos ganhos robustos relatados pela rival Archer-Daniels-Midland Co (NYSE:ADM) na terça-feira.
As ações da Bunge subiram 5% para 120,80 dólares na Bolsa de Nova York, após atingirem um recorde na semana passada, e subiram quase 30% este ano.
Os resultados da Bunge evidenciaram como os comerciantes globais de grãos resistiram ao aumento dos preços das safras e às interrupções na cadeia de suprimentos desencadeadas pela guerra Rússia-Ucrânia. As duas nações fornecem quase um terço das exportações mundiais de trigo, um quinto do milho comercializado globalmente e cerca de 80% do óleo de girassol.
A oferta mundial de grãos e óleos vegetais não se recuperará das interrupções causadas pela guerra por "um longo período de tempo", de modo que outros produtores e processadores, principalmente na América do Sul, terão um papel maior na contenção da inflação de alimentos, disse o presidente-executivo da Bunge, Greg Heckmann.
"Haverá uma longa extensão nisso porque a infraestrutura foi danificada. Há logística marítima que precisa ser resolvida. Tem águas que precisam ser desminadas", disse ele.
A instalação portuária da Bunge em Mykolaiv sofreu danos nos combates no mês passado, mas executivos da empresa disseram na quarta-feira que não parece ser significativo.
A Bunge elevou sua projeção de lucro ajustado para o ano inteiro para 11,50 dólares por ação, de 9,50 dólares anteriormente e disse que a projeção tem "potencial de alta" à medida que a oferta apertada e a forte demanda persistem.
Excluindo os itens pontuais, o lucro foi de 4,26 dólares por ação, em comparação com 3,13 dólares por ação no ano anterior, superando a estimativa de consenso dos analistas de 2,94 dólares, segundo o Refinitiv IBES.
(Por Ruhi Soni em Bangalore e Karl Plume em Chicago)