Por Laura Sanches
Investing.com - No habitual encontro com jornalistas paralelo ao Fórum Econômico Mundial em Davos, o bilionário George Soros anunciou que escreveu uma carta ao primeiro-ministro italiano Mario Draghi, na qual destaca que a Europa, que possui gasodutos, está em uma posição mais forte em relação à Rússia.
"Acho que Putin foi inteligente ao chantagear a Europa com o corte do gás, mas a Europa na verdade tem uma posição mais forte do que Moscou", diz Soros.
A posição de negociação do presidente russo, Vladimir Putin, "não é tão forte quanto ele afirma" e a Europa tem vantagem contra ele, diz o investidor.
“Isso é o que ele já fez outras vezes. Armazena gás em vez de fornecê-lo à Europa. Isso cria uma escassez, aumenta os preços e faz você ganhar muito dinheiro, mas seu poder de barganha não é tão forte quanto você finge”, escreve Soros.
A Rússia cortou recentemente o fornecimento de gás para a Finlândia, argumentando que o país não está pagando em rublos. A medida ocorreu depois que Helsinque anunciou suas intenções de ingressar na Otan, a aliança de defesa à qual Putin se opõe.
A Bulgária e a Polônia também pararam de receber suprimentos de gás russo há algumas semanas. Na esteira da invasão da Ucrânia pela Rússia, Moscou anunciou que as nações "inimigas" teriam que pagar pelo gás russo em rublos, uma política que permite ao Kremlin fortalecer sua própria moeda.
No entanto, a mensagem de Soros é que os países europeus também têm influência contra Putin.
A UE, que inclui 27 países, recebe cerca de 40% de seu suprimento de gás natural da Rússia, tornando difícil para o bloco parar de comprá-lo da noite para o dia.
Mas, de acordo com Soros, a UE também é um mercado muito importante para o Kremlin e Putin precisa das receitas do gás para sustentar sua economia.
“Estima-se que a capacidade de armazenamento da Rússia esteja cheia em julho. A Europa é o seu único mercado. Se não abastecer a Europa, terá que fechar os poços na Sibéria de onde vem o gás. Cerca de 12.000 poços estão envolvidos. Leva tempo para fechá-los e, uma vez fechados, é difícil reabrir devido à idade dos equipamentos”, observa Soros na carta.
Desde as ameaças da Rússia à Europa, os preços das matérias-primas e do petróleo tornaram-se altamente voláteis.