Por Thomas Escritt
BERLIM (Reuters) - A população da Ucrânia diminuiu em 10 milhões, ou cerca de um quarto, desde o início da invasão em grande escala da Rússia, como resultado da saída de refugiados, do colapso da fertilidade e das mortes na guerra, disse a Organização as Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira.
Falando em uma coletiva de imprensa em Genebra, Florence Bauer, chefe do Fundo de População da ONU para a Europa Oriental, disse que a invasão em fevereiro de 2022 transformou uma situação demográfica já difícil em algo mais grave.
"A taxa de natalidade despencou e atualmente está em torno de um filho por mulher, que é uma das mais baixas do mundo", disse ela. É necessária uma taxa de fertilidade de 2,1 filhos por mulher para manter uma população estável.
A Ucrânia, que tinha uma população de mais de 50 milhões de habitantes quando a União Soviética entrou em colapso em 1991, passou, como quase todos os seus vizinhos do Leste Europeu e da Ásia Central, por um grave declínio populacional. Em 2021, o último ano antes da invasão em grande escala da Rússia, a população era de cerca de 40 milhões.
Bauer disse que uma contabilidade precisa do impacto da guerra sobre a população da Ucrânia teria que esperar até o fim do conflito, quando um censo completo poderia finalmente ser realizado.
O impacto imediato foi em regiões que estavam praticamente despovoadas, vilarejos onde só restavam idosos e casais incapazes de constituir família, disse ela.
A Rússia, muito maior, com uma população de mais de 140 milhões de habitantes antes da guerra, também viu sua situação demográfica já terrível se deteriorar desde que invadiu a Ucrânia: registrou sua menor taxa de natalidade desde 1999 nos primeiros seis meses deste ano, um nível que até mesmo o Kremlin descreveu como "catastrófico".
A maior parte do declínio da população ucraniana foi causada pelos 6,7 milhões de refugiados que agora vivem no exterior, principalmente na Europa. As mortes na guerra também foram um fator.
"É difícil ter números exatos, mas as estimativas giram em torno de dezenas de milhares de vítimas", disse ela.
(Reportagem de Thomas Escritt)