O poderoso rali nas ações das empresas que produzem vacinas que protegem contra o letal vírus da Covid-19 está mostrando sinais de pico.
Os papéis da Moderna (NASDAQ:MRNA) (SA:M1RN34) fecharam em queda de quase 18% ontem, após suas vendas e resultados ficarem muito aquém das expectativas dos analistas. A farmacêutica sediada em Massachusetts disse aos investidores que as vendas de vacinas ficariam entre US$15 e 18 bilhões em 2021. A empresa havia dito anteriormente que havia assinado acordos para a venda antecipada de vacinas no valor de US$20 bilhões em 2021.
Em um anúncio, a Moderna declarou que os maiores prazos de entrega de pedidos internacionais poderiam fazer com que as entregas fossem postergadas para 2022. A empresa citou um “impacto temporário”, enquanto tenta expandir sua capacidade de encher e selar frascos da vacina.
A ação da Moderna, que fechou ontem a US$284,02, já perdeu um quarto do seu valor nos últimos três meses e mais de 40% desde que tocou a máxima recorde em agosto. A Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34), outra gigante mundial das vacinas, ficou praticamente estável no mesmo período.
Antes mesmo dos resultados decepcionantes da Moderna, os investidores de ações de vacinas já estavam ficando nervosos com a viabilidade dessa aposta no longo prazo. As produtoras de imunizantes foram massacradas no mês passado, depois que a fabricante de medicamentos Merck & Company (NYSE:MRK) (SA:MRCK34) disse que um estudo havia mostrado que sua pílula teria conseguido reduzir o risco de contrair uma doença grave ou morrer por Covid.
Após 20 meses de pandemia, a implementação de uma pílula contra a Covid-19 poderia acelerar e ampliar a recuperação mundial, diminuindo o apelo das ações de vacinas.
O Reino Unido tornou-se o primeiro país a autorizar a terapia doméstica da Merck ontem.
O secretário de saúde britânico, Sajid Javid, declarou o seguinte:
“Esse medicamento mudará o jogo para a maioria das pessoas vulneráveis e imunossuprimidas, que em breve poderão receber o revolucionário tratamento”.
Vacinas vs. terapias
Além da pílula da Merck, estão surgindo outros concorrentes e possíveis terapias que podem afetar as vendas dos principais fabricantes de imunizantes, como Moderna, Pfizer e Johnson & Johnson (NYSE:JNJ) (SA:JNJB34). Um antidepressivo genérico e de baixo custo, por exemplo, pode reduzir o risco de hospitalizações por Covid-19, de acordo com um estudo brasileiro publicado no periódico Lancet Global Health.
No maior ensaio clínico de avaliação do efeito de antidepressivos sobre a Covid-19 até o momento, os pacientes que receberam fluvoxamina tiveram uma redução significativa da necessidade de hospitalização do que aqueles que não haviam tomado o medicamento, segundo uma reportagem do Wall Street Journal.
A Índia, um dos maiores países produtores de vacinas, está rapidamente expandindo suas exportações, depois de problemas iniciais devido ao aumento da demanda doméstica. A Organização Mundial da Saúde concedeu, nesta semana, autorização emergencial para uma vacina contra a Covid codesenvolvida pela agência de pesquisa médica da Índia e a fabricante local Bharat Biotech International Ltd. A aprovação da OMS pode acelerar a retomada das remessas de vacinas da Índia, que interrompeu as exportações em abril, a fim de priorizar seus próprios cidadãos em meio a uma letal segunda onda de coronavírus.
De acordo com o analista Matthew Harrison, do Morgan Stanley, as vacinas continuam sendo a principal medida de prevenção e a maior oportunidade do mercado, mas não está claro qual será o tamanho desse mercado.
A previsão de Harrison para as vendas anuais de vacinas no longo prazo varia de US$3 a US$30 bilhões. Em sua classificação, ele atribui o mesmo peso a Pfizer e Moderna.
Conclusão
Acreditamos que os melhores dias para ganhar dinheiro com as vacinas anti-Covid já ficaram para trás. A maior oferta de imunizantes, principalmente de fabricantes de baixo custo, como a Índia, e a autorização de tratamentos antivirais alternativos, como as pílulas da Merck, continuarão pesando sobre as vendas das produtoras ocidentais de vacinas, como Moderna e Pfizer.