A volatilidade está de volta a Wall Street, como previram diversos analistas. O índice amplamente seguido VIX atualmente gira em torno de 29, seu maior nível em um ano. Ao mesmo tempo, índices mais amplos, como Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq 100, recuaram 5,6%, 8,8%, e 13,2% até agora em janeiro.
Após consideráveis avanços no ano passado, a maioria dos investidores já esperava uma realização de lucros, principalmente em ações de crescimento com valuations esticados. Mas, à medida que a correção se intensifica, alguns se perguntam se é possível encontrar, fora dos EUA, ações globais de qualidade para inserir na carteira.
Em 25 de janeiro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou sua previsão de crescimento mundial deste ano para 4,4%. Ao atualizar sua perspectiva, a instituição citou preocupações com os EUA e a China, duas maiores economias do mundo.
No artigo de hoje, apresentamos dois fundos negociados em bolsa (ETFs) que fornecem exposição a empresas fora dos EUA e China. Eles podem interessar a leitores que querem diversificar seus portfólios geograficamente, além desses dois países.
É preciso ressaltar que, quando os investidores compram ações estrangeiras, ficam expostos à variação cambial. Por isso, as oscilações da taxa de câmbio também fazem parte da equação.
No entanto, vários ETFs se protegem contra esse risco, como o segundo fundo que iremos apresentar no artigo.
De posse dessas informações, eis os dois ETFs de hoje.
1. iShares International Select Dividend
- Preço atual (US$): 32,14
- Média de 52 semanas: 29,43 - 34,15
- Retorno do dividendo (Yield): 5,62%
- Taxa de administração: 0,49% por ano
Investidores experientes sabem que inserir ações pagadoras de dividendos na carteira é uma forma de mitigar os efeitos de grandes oscilações de preços nos mercados de ações. Nosso primeiro fundo, o iShares International Select Dividend (NYSE:IDV), investe em ações que pagam dividendos relativamente elevados em mercados desenvolvidos, excluindo EUA. O fundo foi listado pela primeira vez em junho de 2007.
O IDV possui 101 participações e rastreia os resultados do índice Dow Jones EPAC Select Dividend. As 10 principais participações respondem por quase 30% do seu patrimônio de US$4,5 bilhões
Cerca de um quarto dos nomes estão sediados no Reino Unido. Em seguida vem Canadá, Espanha e Itália, entre outros. Sua alocação subsetorial está dividida em serviços financeiros (30,63%), utilidade pública (20,60%), materiais (11,92%) e energia (7,75%).
Entre os destaques do seu portfólio estão: a mineradora Rio Tinto (LON:RIO) (NYSE:RIO), British American Tobacco (LON:BATS) (NYSE:BTI), a espanhola Naturgy Energy (OTC:GASNY); a mineradora australiana de minério de ferro Fortescue Metals (ASX:FMG) (OTC:FSUGY), ; Canadian Imperial Bank Of Commerce (TSX:CM); e a farmacêutica GlaxoSmithKline (NYSE:GSK) (SA:G1SK34).
Nos últimos 12 meses, o IDV registra alta de 4,4% e tocou uma máxima plurianual em maior de 2021. E em janeiro deste ano, acumula alta de 2,9%.
Os múltiplos de preço-lucro e preço-valor contábil são de 11,11x e 1,24x. Gostamos da diversidade oferecida por essas ações que conseguiram aumentar seus dividendos no passado. Leitores interessados encontram bom valor nos níveis atuais.
2. iShares Currency Hedged MSCI Japan
- Preço atual (US$): 37,68
- Média de 52 semanas: 35,86 - 41,74
- Retorno do dividendo (Yield): 2,15%
- Taxa de administração: 0,50% por ano
Nosso segundo fundo está focado no Japão, cuja economia deve registrar uma expansão de 3.4% em 2022, de acordo com o último relatório da OCDE:
“O crescimento está em vias de recobrar força, graças às políticas macroeconômicas e ao progresso da vacinação”.
Assim, o iShares Currency Hedged MSCI Japan (NYSE:HEWJ) pode interessar a investidores que veem as ações japonesas se saindo melhor nos próximos meses. O fundo começou a ser negociado em janeiro de 2014, e seu patrimônio é de US$741,2 milhões.
Na verdade, o HEWJ investe em outro fundo, o iShares MSCI Japan (NYSE:EWJ), que não tem oferece proteção contra variações cambiais. Por isso, os gestores do fundo usam produtos derivativos para diminuir o efeito dos movimentos do iene contra o dólar.
Com isso, se a moeda japonesa se depreciar, os retornos do HEWJ não devem ser afetados. Os investidores do HEWJ terão retornos maiores do que os investidores do EWJ se o iene cair em relação à moeda americana.
Os investidores que se interessam pelo HEWJ também podem pesquisar melhor sobre o EWJ, que possui US$11,4 bilhões sob gestão. No EWJ, a indústria e bens de consumo discricionário têm maior participação, cada um com cerca de 20%. Em seguida vem TI, serviços financeiros e saúde. Os 10 principais nomes compreendem cerca de 23% do fundo.
Entre os principais nomes da sua carteira estão: a fabricante de automóveis Toyota (NYSE:TM) (SA:TMCO34), o grupo de eletrônicos Sony (NYSE:SONY) (SA:SNEC34) e Tokyo Electron (OTC:TOELY); Keyence (OTC:KYCCF), com foco na automação de fábricas; além da Mitsubishi UFJ Financial (NYSE:MUFG) (SA:M1UF34).
Nos últimos 12 meses, o HEWJ acumula alta de cerca de 1,8% e tocou sua máxima histórica em setembro. Até agora em 2022, registra queda de cerca de 5%.
Para fins de comparação, o iShares MSCI Japan acumula queda de quase 5% nos últimos 12 meses e cai 8,4% em 2022. A diferença nos retornos do EWJ e HEWJ ressalta a importância de se proteger contra variações cambiais em ações japonesas, na medida em que o iene vem se depreciou frente ao dólar na maior parte do ano passado.