Ainda que de forma tímida, os mercados deram início a uma correção. O Ibovespa caiu pelo segundo pregão consecutivo ontem (17), afastando-se um pouco mais dos 130 mil pontos, enquanto o Dow Jones cravou o terceiro dia seguido de perdas. Já o S&P 500 e o Nasdaq 100 tiveram a pior sessão em duas semanas. O dólar, por sua vez, oscilou em alta.
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Nesta manhã, os mercados internacionais ensaiam uma recuperação, igualmente tímida. Os futuros dos índices das bolsas de Nova York estão na linha d’água, enquanto as praças europeias têm ganhos. Na Ásia, o sinal foi misto, assim como é nas commodities, com o petróleo em alta e o minério de ferro em baixa. Já o dólar mede forças frente aos rivais.
Não por coincidência, esse movimento mais negativo dos ativos de risco começou pouco depois de a inflação nos Estados Unidos não corroborar as apostas de cortes nos juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) tão cedo. Dias antes, foi o relatório de emprego nos EUA (payroll) que apontava para o mesmo caminho.
Aí, então, os mercados ficaram sem saber o que fazer, pois a direção apontada pelos dados era oposta ao tom uníssono que os investidores ouviam de dirigentes dos bancos centrais. Ignoravam os ruídos na comunicação e viam coerência nas mensagens sobre alívio monetário - mas só porque achavam consensuais com a visão dos mercados.
A agenda econômica desta quinta-feira (18) traz a fala de mais um dirigente do Fed, que pode desempatar as apostas para março, entre corte e manutenção. Dos indicadores nos EUA, saem os números semanais sobre pedidos de auxílio-desemprego e os estoques de petróleo, além de dados do setor imobiliário. Aqui, Brasília segue em foco.
Pente fino nos mercados
A boa notícia é que esse desempenho ruim dos ativos de risco pode estar com os dias contados. Mas, atenção: isso não significa que os preços não devem piorar um pouco mais, antes de voltarem a ficar mais atraentes de novo. “O barato de hoje pode ser o caro de amanhã”, me dizia uma fonte do mercado doméstico.
Portanto, algum alívio pode ocorrer após esta correção. A razão para acreditar que o pessimismo está perto de atingir o pico é que os próprios BCs serão forçados a conter o mau humor dos mercados, em breve. A primeira “Super Quarta” deste ano, no fim deste mês, parece ser o momento oportuno para isso.
Isso porque o ajuste dos mercados é mais em relação ao timing do que ao fato em si. Ou seja, a narrativa de cortes nos juros, encabeçada pelo Fed, se mantém. A questão é que, talvez, a queda não comece tão cedo, já em março, nem seja tão intensa quanto o esperado - o que vale também para a taxa Selic.
Como se ouvia dos nossos colonizadores, é preciso passar a pente fino o cenário que garantiu um “rali de tudo” nos últimos dois meses de 2023. Mas nem por isso janeiro será um novo outubro. A ver pela performance dos mercados até aqui, tampouco haverá um “efeito janeiro”, com os índices de ações amargando baixas neste comecinho de 2024.
Assim, a questão agora é: até quando irá essa correção nos mercados? A previsão é de que os ajustes ao rali de fim de ano continuem, ao menos até que os dados e os bancos centrais continuem encorajando o movimento.