No próximo dia 1º de julho, o Plano Real completa 30 anos desde a sua implementação. Antes dele, falávamos de inflação que passava dos 1000%. Apesar da melhora recente, vivíamos uma situação parecida com a da Argentina. Algo inacreditável. Passadas essas três décadas, vimos o Brasil viver entre erros e acertos. No momento, infelizmente, estamos novamente falhando.
Quando olhamos para trás e analisamos os motivos que levaram o país a um descontrole inflacionário e monetário, a questão da dívida pública já estava presente.
Um déficit fiscal crônico associado à falta de controle sobre os gastos, além de uma política econômica inconsistente seguida de emissão de moeda deixaram o Brasil de chapéu nas mãos.
Foi diante deste cenário que FHC e uma equipe de economistas talentosos foram, aos poucos, criando o que viria a ser o Plano Real. Em entrevistas, o ex-presidente da República já comentou as dificuldades políticas enfrentadas para a aprovação da ideia, com resistência, inclusive, do próprio presidente em exercício à época, Itamar Franco.
Passadas três décadas desde a implementação do Real, que tem resistido aos nossos problemas internos e externos como a Pandemia, a questão do déficit fiscal segue sendo um problema.
E pior, os agentes políticos do país parecem não ter entendido a gravidade do assunto.
Estamos há cerca de dez anos apresentando déficits públicos com as despesas aumentando além do que o Governo consegue arrecadar.
Quando o atual Governo assumiu o Executivo, no início de 2023, era esperado um desajuste nas contas públicas, porém, com o Arcabouço apresentado, as expectativas negativas se contiveram.
Porém, o que temos visto foi um déficit de R$230 bilhões em 2023 e, para 2024, é esperado um novo rombo da ordem de R$76 bilhões até o momento.
Uma parte disso, como eu disse anteriormente, já era esperada pelo mercado. Porém, os resultados ruins apresentados acompanhados de um discurso confuso do Governo e exterior mais complexo fez o dólar disparar, passando da casa dos R$5,50.
Os efeitos de uma desorganização crônica das contas públicas, como eu disse anteriormente, são conhecidos por boa parte dos brasileiros com mais de 30 anos de idade.
A moeda começa a perder valor. O sistema financeiro começa a implodir por dentro. Os preços aumentam levando a perda do poder de compra. Desorganização da economia. As incertezas sobre os rumos do país aumentam e os investidores começam a levar os recursos para outros locais, acentuando ainda mais os problemas.
É o chamado efeito dominó no qual, infelizmente, os mais pobres sofrem mais. Se um pacote de arroz sai de R$10 para R$30, de R$30 para R$60 e de R$60 para R$90, imagine a pressão gerada no orçamento de alguém que ganha um salário mínimo e precisa sustentar uma família?
É com este tipo de risco que estamos flertando.
Quando o chefe do Executivo afirma que “gasto é vida”, conceitualmente, ele não está errado. As despesas públicas, se bem administradas, são, de fato, um motor importante para o crescimento da economia.
Porém, quando as contas estão desorganizadas e o Governo não mostra seu compromisso com a capacidade de pagamento da dívida, os “gastos” produzem um efeito negativo, acentuando as desigualdades e gerando pobreza.
Do lado do investidor, a regra é bastante clara: diversifique o seu patrimônio entre diferentes classes de ativos, especialmente, no exterior.
Uma vez ouvi um economista contar uma anedota bastante interessante sobre o assunto. “Se você fosse um ser de outro mundo que acabara de chegar ao Planeta Terra e quisesse investir os seus recursos, quais opções escolheria? Você, munido das informações necessárias, certamente não optaria por colocar todo o seu dinheiro no Brasil”.
Concorda?
Pense nisso e até a próxima!